quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

domingo, 11 de dezembro de 2005

13/06/05

Os dias seguiam-se normalmente.
Eu estava na casa de uma amiga, coisa cada vez mais rara nos últimos tempos, divertindo-me, quando recebi a ligação: minha mãe me dizia que ela estava morrendo. Ou quase isso. Na verdade só falou para eu comprar remédio quando voltasse para casa. Eu não me dei conta do quanto o organismo dela era frágil e nem me preocupei muito. Pensei: "quando eu estiver voltando compro". Fiquei um pouco preocupada, mas continuei lá.
Pouco depois minha mãe ligava novamente dizendo "deixa pra lá, agora não adianta mais". Foi aí que eu engoli um coco com um elefante pesando na minha cabeça. Eu andava triste com o fim do meu namoro, mas a morte dela foi o que me permitiu liberar toda a solidão e impotência que me consumiam. Eu me sentia cada vez mais incapaz de cuidar do que eu gostava.
Quando cheguei em casa ela estava deitada no chão do meu quarto, dura e morta, como um animal empalhado. tranquei-me no quarto e pela primeira vez depois de muito tempo, eu chorei de verdade. Sem medo de quem poderia me ouvir, sem apreensão do que poderiam pensar de mim. Chorei pela morte dela, pela partida dele, pela solidão que eu sentia. Chorei por todos os choros que prendi nos últimos tempos, por todas as mágoas que não liberei por não afogá-las o suficiente.
O pior foi que nessa situação eu sabia que só encontraria conforto nos braços que abandonei. Ela também era filha dele, só ele poderia me entender naquele momento.
Depois a irmã dela fugiu de casa.
Apesar de tê-las amado, decidi que não teria mais porquinhas-da-índia.