sábado, 20 de agosto de 2011


Aqui estou eu enfrentando mais um dia de trabalho. Na frente do computador, tomando um amargo chá verde na tentativa de diminuir essa barriga que insiste em aumentar desde que eu pari. Meu braço dói de usar o mouse, mas chego a ter vergonha de reclamar e talvez, por revolta alguém me mande pegar numa enxada. Estou sozinha na sala, com preguiça de me levantar para ir até o banheiro esvaziar a bexiga. Cornetas militares tocam em alguma comemoração que ignoro.
Voltei do banheiro. Agora está tocando o hino nacional. Já está perto da hora de ir embora. Passei a tarde assistindo a um documentário sobre Bukowski. Ainda não terminei, mas já foi o suficiente para que eu sentisse uma puta inveja daquele filho da puta. Alguém que escreve todos os dias ou tem muito ou não tem nada a dizer. O fato é que ele conseguiu, aparentemente com uma tremenda facilidade, algo que eu tentei durante toda a minha vida: escrever um livro. Claro que eu ainda tenho vinte e cinco anos, mas se eu não consegui fazer nada relevante até hoje, acho extremamente improvável que eu o consiga algum dia. Ao contrário do que se pensa, os vinte não são o meio da juventude, mas o começo da velhice.
Aos vinte eu fui mãe, casei, me separei, terminei a faculdade, vi meus seios caírem e minha barriga inchar, saí da casa da minha mãe, voltei a morar com ela, precisei arranjar um emprego e de repente eu me dei conta da pior realidade da vida: me tornei adulta. Agora preciso aprender a lidar com essa nova realidade de mãe, empregada, mas ainda dependente da própria mãe, de seios, outrora belos, agora caídos e barriga inflada. Mas meu lado adolescente clama para não morrer e por isso preciso sucumbir a uma necessidade latente: farei a minha terceira tatuagem.