sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Meu processo de arte-final

Esses dias vieram me perguntar na fanpage qual era o meu processo na hora de fazer meus desenhos. Tentei explicar com palavras, mas ficou tão confuso que prometi criar um passo a passo para explicar melhor. Hoje em dia ando com um caderno sem pauta a tiracolo e sempre que tenho tempo desenho minhas tiras nele. Antes eu andava com um caderninho, mas era muito pequeno e eu só fazia alguns desenhos aleatórios (já postei alguns aqui).

Antigamente eu preferia desenhar diretamente no computador (mesmo sendo mais difícil para mim) porque não tinha saco de ficar apagando rascunho, limpando desenho. Mas depois que comprei a mina azul da Pentel (uso a 0.7) agilizei muito o meu processo criativo.



Hoje em dia eu rascunho com o azul e cubro com a caneta nanquim à minha escolha (as duas únicas que encontro pra vender em João Pessoa são a Staedtler e a Uni Pin, que é a que eu prefiro). Pronto o desenho, escaneio a imagem em 600 dpi e levo para o Adobe Photoshop. Como uso o programa desde a adolescência, é onde me sinto mais à vontade, nunca consegui trocá-lo por outro. No Photoshop, mudo o modo de cor para CMYK.


Na aba dos canais, separo todos os canais de cores e fico só com o preto (K).


Seleciono a ferramenta burn, não sei como é em português, mas é essa mãozinha fazendo um "o".


E começo a escurecer as áreas da imagem que ficaram muito claras. Se preferir pode mexer nos níveis (levels) antes (ctrl + l). Eu coloco a seta do preto no comecinho, pra não estourar muito as linhas. Depois, com a ferramenta burn vou fazendo os ajustes mais finos.


Finalizados esses ajustes, copio a imagem e colo no arquivo pré-formatado, com 300 dpi, que criei para uma tira de 3 quadros.



Crio uma nova camada para desenhar os requadros da tira.



E colo as imagens tratadas abaixo da camada dos requadros.



Abaixo da camada dos desenhos eu escolho as cores ou o padrão (pattern) que vou usar.



Depois acrescento o texto, assinatura e salvo a imagem em png e 72 dpi pra publicar na internet.



Fim. Espero ter conseguido explicar direitinho dessa vez =)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O silêncio das inocentes


Esta semana produzi uma tira sobre um fato que ocorreu comigo na infância e me marcou profundamente. Como ocorre com a maioria das mulheres no Brasil (quiçá no mundo), fui abordada por estranhos na rua que acharam oportuno me mostrar seu pênis (usei o termo “pau” na tira, mas acharam engraçado, então para ninguém se confundir quanto ao teor do texto, preferi recorrer ao termo científico). Na segunda vez em que isso ocorreu eu tinha cerca de 11 anos, mas na primeira eu sequer lembro que idade tinha.

Por ser um assunto delicado, muitas pessoas preferem não falar a respeito, mas ao ler a tira, várias outras mulheres comentaram que o mesmo havia ocorrido com elas, um estranho no ônibus ou mesmo um colega da escola. Segundo a pesquisa feita no site thinkolga.com, de 7.762 mulheres, 99,6% responderam que já foram assediadas sexualmente. Dentre outras estatísticas, 90% das mulheres responderam que já trocaram de roupa pensando no lugar onde iriam por medo de assédio, 82% foram agarradas na balada e 68% já foram xingadas por dizer não à cantada de alguém.

Se esse é um fato tão comum, por que é tão pouco discutido? Porque é subestimado. Em um grupo de discussão me apresentaram o termo gaslighting, oriundo do filme À Meia Luz (Gaslight, 1944), de George Cuckor, onde o marido de Paula Alquist (Ingrid Bergman) tenta convencer a ela e aos demais que sua mulher está louca. Segundo o Wikipédia, “gaslighting é uma forma de violência psicológica na qual uma falsa informação é apresentada na intenção de fazer a vítima duvidar da própria memória, percepção e sanidade”. Dadas as devidas proporções, a maior parte das mulheres se sente violada quando sofre qualquer forma de assédio sexual, mas acaba se convencendo (ou sendo convencida) de que está exagerando e no fim das contas, felizmente não aconteceu nada mais sério.

Se você duvida, mostre esse texto a um número considerável de pessoas e veja quantas consideram que estou exagerando, quantas acham que eu preciso de um tanque de roupa suja pra lavar e quantas acham que eu sou “malcomida”. Isso só pra mencionar os termos mais comuns quando qualquer tentativa de se fazer mostrar uma situação incômoda para as mulheres ocorre. Mas enquanto acham que eu estou exagerando, esse tipo de situação tem ocorrido com bastante frequência ao longo da vida das suas mães, irmãs e namoradas. E isso as traumatiza. Eu deixei de andar de bicicleta, mas a Joana deixou de andar de ônibus, a Clarice deixou de usar saias e a Denise não consegue mais confiar nos homens.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Tarado

1. When I was about 11 years old, I was riding a bike...

2. A man stood next to me and showed me his dick.

3. Today I'm 28 and never biked again.