Um dia,
serei mulher.
Mas tu já não é?
Alguém me diria.
Sou,
não dá pra negar.
Creio que não há
no que me escorar.
Mas fora a razão
longe bem longe
algo se esconde
dentro do meu ser.
Abro os olhos,
abro as pernas,
abro os braços,
engulo o alvorecer.
Na penumbra,
cresce muda,
cresce lodo,
cresce mato e
me desembaraço.
Faço planos,
tenho náuseas,
será que é a menopausa?
Acabei de virar mulher!
Que jornada,
me sinto desenganada,
recolho minha bagagem,
espanto longe a miragem,
reparo ao meu redor,
às vezes me acho só,
mas fora as desilusões,
percebo não são milhões,
nem mesmo poderia,
são poucos mas importantes,
mais amigos que amantes,
transportam felicidade.
O importante é que nessa idade
sorrisos não são escassos
que sejam esses meus passos
até a eternidade.