Suzane era uma mulher que não gostava de homens. Não apenas sexualmente, ela literalmente desprezava todos os “exemplares” do sexo masculino. Até mesmo os não tão masculinos. Talvez por decorrência de algum trauma na infância do qual ela não se recordava de maneira alguma. Talvez ela se sentisse injustiçada em uma sociedade patriarcal, ainda com tantos estigmas do machismo.
O fato era que ela, desde que se recorda, sempre evitou ter homens ao seu redor. Estudou em escolas só para garotas, na universidade procurou fazer um curso onde a maioria dos estudantes fosse feminina. E dessa maneira foi seguindo adiante com a sua vida e nunca sentiu que isso fosse um problema até que ela se deparou com um sentimento inédito: a necessidade de se tornar mãe.
Mas não bastava adotar uma criança. Ela precisava senti-la crescendo em seu ventre, se alimentando junto com ela, nessa simbiose perfeita que é a gravidez. Mas a ideia do ato sexual com um homem a enojava, de maneira que mesmo uma inseminação artificial parecia-lhe algo repugnante.
Suzane resolveu ceder, pois o amor que sentia pelo seu filho já superava a sua aversão a tudo relativo ao cromossomo Y. De maneira que quando o seu filho nasceu, ela olhou pela primeira vez com ternura para um ser do sexo masculino.