sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Quase

1. I thought I was gonna die in Piracicaba.

2. I thought I was gonna die in Belo Horizonte.

3. I almost died in João Pessoa.

domingo, 8 de dezembro de 2013

O vagão rosa da Folha

Antes de mais nada, gostaria de deixar claro de que me agradou saber que a Folha está trazendo cinco mulheres para integrar seu time de quadrinistas. Entretanto, foi inevitável perceber que em todos os outros dias da semana ocupam este espaço dez homens e Laerte (que não se prende a essas bobagens de gênero). Aí lembrei do Salão de Humor de Piracicaba, que criou a exposição Batom, Lápis e TPM para receber a produção feminina, mas neste ano, pelo que vi nos nomes selecionados, não tinha nenhuma representante brasileira no Salão principal. Será que as cartunistas são piores que os cartunistas ou apenas menos conhecidas? Até quando teremos que recorrer ao vagão rosa?

Não me entendam mal, não sou contra o fato de serem criados espaços exclusivos para mostrar a produção feminina, que de outra maneira não está aparecendo, pelo contrário. Faço parte do grupo responsável pela Inverna, uma revista criada para mostrar uma fatia da produção feminina de quadrinhos no Brasil. E sei que essa "reclamação" pode parecer contraditória. Sou aquela pessoa pessoa chata que no meio da mesa redonda pergunta ao editor por que ele não publica mais mulheres. Não porque eu acho que ele tem que ser bonzinho e deixar uma mulher ocupar uma vaga, de forma alguma. Não falo em cotas. Mas, para ele se questionar por que, se Maria é tão boa quanto José ou Jeová, ele escolhe José, Jeová, mas não Maria. Nós não queremos que sejam criadas mesas para falar como são os quadrinhos feitos por mulheres, queremos que numa mesa sobre a problemática da metafísica nos quadrinhos existam mulheres participando, para que não seja necessário perguntar a um homem por que não há mais mulheres fazendo quadrinhos.

Agora é inevitável falar mais uma vez sobre o FIQ. A maior parte da produção de quadrinhos lá exposta era produzida por homens? Sim. A produção feminina era inexpressiva? Não. E como eu sou otimista, diria até que cresce numa progressão geométrica entre as edições do evento. O número menor de quadrinistas se dá, provavelmente, porque as mulheres foram ignoradas durante muito tempo como público ("mulher não gosta de quadrinhos") e como autoras ("não gosto de quadrinhos feitos por mulheres"). Embora os espaços criados para expor os trabalhos femininos sejam muito bem-vindos, não queremos passar o resto da vida dependendo do vagão rosa.

As imagens utilizadas aqui foram retiradas do texto "20 conselhos para artistas femininas de artistas femininas", no site Lady's Comics.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Perdi a virgindade no FIQ

Lauro Perazzo, eu e Samuel de Gois

Desde que voltei de Belo Horizonte já vi milhares de relatos sobre o 8º Festival Internacional de Quadrinhos e sempre volta aquela saudade boa. Você sai do FIQ, mas ele demora a sair de você. Primeiro por causa da grande quantidade de quadrinhos que a maioria traz na bagagem (acho que só li metade até agora) e segundo, pela grande quantidade de experiências adquiridas. Eu até poderia mencionar todas as pessoas que adorei conhecer e rever, mas tenho medo de acabar esquecendo de alguém e detesto injustiças. Mas enfim, fiquei com inveja de todo mundo que falou do evento e resolvi falar também. Principalmente porque ao contrário de todos os relatos que li e ouvi pela internet, eu perdi a virgindade no FIQ.

Todo mundo que fala sobre o FIQ o compara com a edição anterior: as melhorias, as vendas, a quantidade de pessoas presentes. Na época da sétima edição estávamos com o Coletivo WC com pouco mais de um ano e providenciamos um zine xerocado de poucas páginas. Dois integrantes do grupo foram para o evento e distribuíram gratuitamente os escassos cem exemplares produzidos para a ocasião. Ao retornar do evento, meu amigo Samuel não cansava de discorrer sobre as maravilhas do FIQ e falei pra mim mesma que o próximo evento de escala nacional de quadrinhos que surgisse eu faria o possível para participar.

eu, Samuel e Henrique Magalhães
Dois anos depois, tínhamos lançado uma segunda edição do zine do Coletivo WC e duas edições da nossa revista, a Sanitário. E lá estava eu. Conhecendo pessoas que eu nunca conheceria e recebendo feedbacks do pessoal que já acompanhava o meu trabalho, reencontrando os amigos de João Pessoa que estão morando longe... Tudo isso já valeria a pena. Mas uma das maiores vantagens de ter ido a esta edição do FIQ foi a de romper as barreiras geográficas e ver outras pessoas próximas a mim fazendo o mesmo.

Se na edição anterior foram dois ou três paraibanos, em alguns momentos deste ano me vi rodeada por pessoas daqui. Vi Shiko participar do painel MSP, Henrique Magalhães presente para a rodada de negócios, Samuel voltar para Manaus com todas as revistas vendidas, fora o pessoal que estava cobrindo o evento ou como eu, passeando, tentando trocar quadrinhos, tomando cerveja ou dormindo no fundão do auditório. Quando conhecemos o Andrício de Souza ele comentou que achamos que conhecemos a todos por causa da internet, mas não dá, o gargalo é estreito. Tem muita gente nesse país continental fazendo quadrinhos, talvez rodeados de outros quadrinistas, talvez não. E essas pessoas (independentemente da qualidade do trabalho) se tornam invisíveis, porque enfim, se não são conhecidas de A, B, C, D e E, acabam não existindo.

Mas é aí que o evento entra. Se você tem um bom trabalho, jogo de cintura pra vender seu peixe (definitivamente não é o meu caso), está em uma mesa ou um stand (também não foi o meu caso), conversa com as pessoas ao seu redor (isso eu fiz mais ou menos) e vai atrás de conhecer os trabalhos de outros autores, são grandes as chances de alguém falar "Thaïs? Acho que sei quem é, uma loira de óculos, né?" (no meu caso, não sei das suas características físicas). Na verdade eu provavelmente voltei do evento quase tão desconhecida quanto fui, mas aprendi muita, muita coisa.
não tô bem, mas tô na foto, com Samuel, Ricardo Jaime, Lauro e Shiko

Creio que seja de praxe fazer (quase) tudo errado da primeira vez que se vai ao FIQ. Logo no primeiro dia e fiquei dolorida pelo evento inteiro por causa do peso que carreguei, não consegui trocar nenhuma revista, não peguei mesa, não vendi quase nada, não produzi um material solo (com exceção do curtíssimo zine da Olga) e achei que conseguiria comprar cachaça (não bebo mais cerveja) lá dentro só porque eu estava em Minas Gerais. Mas aprendi muita coisa pra quem sabe, daqui a dois anos eu fazer tudo certo.

Bem-te-vi

1. Kiskadee, kiskadee,

2. Ate Madona's food

3. And pooped everything here.

(tradução de Caetano Julio Neto)