terça-feira, 29 de abril de 2014
segunda-feira, 21 de abril de 2014
quinta-feira, 17 de abril de 2014
sábado, 12 de abril de 2014
Parir sorrindo
Desde que eu soube do caso da Adelir uma inquietação tomou conta de mim, eu precisava falar algo. Vi pessoas chamando-a de egoísta e aplaudindo a ação da juíza e das obstetras responsáveis pela cesárea compulsória. Não vou pedir de ninguém empatia por uma mãe levada em pleno trabalho de parto para o hospital para ser cortada contra a sua vontade, mas vou mostrar algumas informações que, desde que engravidei há sete anos, me levaram à conclusão de que um parto normal e humanizado é o melhor para a mãe e para o bebê.
O primeiro contato que tive com o assunto foi através do livro "Nascer sorrindo", do obstetra francês Frédérick Leboyer:
Entretanto, gostaria de acrescentar algumas informações:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que o total de partos cesáreos em relação ao número total de partos realizados em um serviço de saúde seja de 15%. Esta determinação está fundamentada no preceito de que apenas 15% do total de partos apresentam indicação precisa de cesariana, ou seja, existe uma situação real onde é fundamental para preservação da saúde materna e/ou fetal que aquele procedimento seja realizado cirurgicamente e não por via natural (OMS, 1996).¹
Dados do estudo podem revelar uma estreita relação entre o aumento da prematuridade e a realização de cesarianas. As mais altas taxas são observadas nas regiões mais desenvolvidas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, enquanto as mais baixas estão nas regiões Norte e Nordeste. Entretanto, para estabelecer essa relação com mais exatidão são necessários estudos mais aprofundados. O Brasil apresenta as mais altas taxas de cesarianas no mundo. Sua frequência aumentou de 37.8% de todos os partos em 2000 para 52.3% em 2010. [...] Para o representante do UNICEF no Brasil, Gary Stahl, o estudo reforça a urgência de esclarecer a relação de causa e efeito entre cesariana e prematuridade. “Isso contribuiria para reduzir a epidemia de cesarianas no Brasil e reverter o quadro de prematuridade.”²
Cerca de 70% das mulheres dizem querer parto normal quando estão no início da gravidez, segundo pesquisa do Ministério da Saúde. Entretanto, no fim da gestação, cerca de 80% das mulheres que têm planos de saúde acabam fazendo cesariana. Entre as gestantes do Sistema Único de Saúde (SUS), o número de cesarianas é de 26%.³
Os partos por cesariana podem influenciar a taxa de mortalidade entre mães e bebês. A cesárea é uma cirurgia, com todos os riscos de uma intervenção desse tipo e representa uma chance seis vezes maior de a mulher morrer do que com o parto é normal. A cesariana também aumenta a possibilidade de a parturiente contrair uma infecção ou sofrer uma hemorragia. Para os bebês, o risco de eles terem que ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quadruplica. No caso dos nascidos de parto normal, esse índice é de 3% e pula para 12% entre os nascidos por cesariana. Segundo médicos, o trabalho de parto exerce papel fundamental para o desenvolvimento dos pulmões das crianças. As contrações liberam substâncias que ajudam na maturação do pulmão do bebê e estimulam os movimentos de sucção, o que melhora qualidade da amamentação. Como, na maioria das vezes, a data das cesarianas é fixada levando em consideração apenas a conveniência do médico e da mãe, independentemente do início do trabalho de parto, muitas crianças nascem sem estar totalmente prontas, sem os pulmões plenamente capacitados.4
Não tenho como convencer a todos que o parto humanizado seja na maioria dos casos a melhor opção, mas é leviano não reconhecer que o sistema obstétrico do Brasil precisa urgentemente de uma grande reforma.
¹ Agência Nacional de Saúde Suplementar
O primeiro contato que tive com o assunto foi através do livro "Nascer sorrindo", do obstetra francês Frédérick Leboyer:
O livro 'Nascer sorrindo', do Dr. Leboyer, um obstetra francês que usa técnicas inovadoras no parto, defende que, como a criança está envolta por líquido, que abafa o som e a mantém no escuro durante toda a gestação, quentinha, aconchegada, o momento do parto é extremamente traumático para ela. De repente, luz, barulho, frio. Esse choque afeta a pessoa deixando seqüelas irreparáveis em sua personalidade. Por isso ele mantém as salas de parto na penumbra e silêncio. A criança é, depois de 'expulsa', imediatamente envolta de modo a manter-lhe o calor e sua adaptação ao meio externo é feita gradual e lentamente. Depois de alguns meses de aplicação da técnica, foi convocada uma reunião para avaliar os resultados e chegou-se à conclusão de que os bebês nasciam sorrindo, pois o parto se dá sem violência.A partir daí, comecei a pesquisar sobre o assunto, no Google, no Orkut. Eu também queria que a minha filha nascesse sorrindo. Conheci grupos de discussão sobre obstetrícia baseada em evidências científicas e cada vez mais, vi a importância de me manter firme na minha decisão de ter um parto humanizado. Eu tinha pensado em fazer um texto minucioso, explicando todo o cenário dos partos realizados no Brasil, mas felizmente li o texto da Thalita Pires antes, que explica a situação muito melhor do que eu o faria. Essa é a leitura essencial para compreender o assunto.
Entretanto, gostaria de acrescentar algumas informações:
Não tenho como convencer a todos que o parto humanizado seja na maioria dos casos a melhor opção, mas é leviano não reconhecer que o sistema obstétrico do Brasil precisa urgentemente de uma grande reforma.
¹ Agência Nacional de Saúde Suplementar
quinta-feira, 10 de abril de 2014
sábado, 5 de abril de 2014
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