segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Entre castelos e princesas

Ao contrário dos clássicos da Disney (Cinderela, Branca de Neve, A Pequena Sereia, A Bela Adormecida...) e de outros clássicos da literatura infantil que fazem parte da infância das nossas crianças (Chapeuzinho Vermelho, etc), as estórias mostradas nos filmes de Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro, Castelo Voador) podem ser um bom exemplo para as crianças (principalmente as meninas).
As personagens dos filmes de Miyazaki estão longe do padrão dos irmãos Grimm de jovens de beleza invejável que são castigadas por serem belas e no fim são salvas pelo belo príncipe. Nausicäa do Vale dos Ventos (Kaze no tani no Naushika) foi o filme que estabeleceu as bases para a fundação do Studio Ghibli. Baseado em uma obra do próprio Miyazaki, conta a estória de uma garota que luta para salvar a terra em que vive. Um detalhe interessante do filme é a lenda presente na estória, onde é dito que apareceria um salvador para a terra. Como é de se imaginar depois do meu discurso, o que apareceu foi uma salvadora. A Princesa Mononoke (Mononoke Hime) é um dos filmes mais consagrados de Miyazaki. Protagonizado por Ashitaka, um jovem que é responsável pela harmonia da humanidade com a natureza, estando presente para ajudar San, uma jovem que vive na floresta e é tida como filha por uma loba gigante, e por estar sempre tentando conscientizar a sociedade que depende da senhora Eboshi. Nesta estória, o rapaz está constantemente suscetível às sociedades matriarcais, já que Eboshi e San estão longe do padrão "princesa" citado nas estórias do início desse texto, mesmo tendo o filme o título que tem.
Mas não precisamos voltar tanto no tempo (Nausicäa foi produzido em 1984 e Mononoke em 1997), lembremos de A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no kamikakushi), de 2001. Menos independente do que Nausicäa, San e Eboshi, Chihiro tem a ajuda de várias pessoas durante a estória para conseguir salvar seus pais, que foram transformados em porcos. Ela chora em vários momentos do filme, como toda criança chora. Sim, esqueci de mencionar que ela é uma criança. Já vi em uma sinopse a descreverem como "uma criança mimada", mas ela mostra durante o decorrer do filme a perseverança para salvar os pais, que a maioria de nós deve se perguntar se teria a força dela para levar a situação. Este é o único filme de Miyazaki (e do Studio Ghibli) licenciado e disponível em DVD no Brasil.
Este ano foi lançado o último filme dirigido por Hayao Miyazaki: Castelo Animado (Hauru no ugoku shiro), baseado no livro Howl's Moving Castle, de Diana Wynne Jones. Ainda disponível em alguns cinemas do país, a estória de Sophie me comoveu a ponto de escrever esse texto. Logo no início do filme ela é transformada em uma velha de noventa anos e por isso foge da cidade para não ter que enfrentar os seus conhecidos; assim ela acaba chegando no castelo de Howl, um jovem e belo mago. Uma beleza até digna de um príncipe, mas ele nem ao menos consegue desfazer o feitiço que a Bruxa da Terra Abandonada solta em Sophie, além de fugir constantemente dela e da madame Suliman, sua antiga tutora. Mesmo no meio de todos esses feiticeiros (e principalmente feiticeiras), é Sophie que, transformada em uma idosa, tem a força para levar adiante os ânimos dos personagens do filme.
Na hora que seus filhos lhe pedirem para que leia um livro antes de dormir, procure algo além de A Bela Adormecida. Quando forem na locadora e ele não souber o que levar, não leve sempre Branca de Neve e os Sete Anões. E tenha em mente que um desenho animado pode muitas vezes ser mais rico e interessante do que os cinqüenta filmes de super-heróis que são lançados. Nesse texto enfoquei as estórias infantis, mas há outros desenhos com temas mais adultos que são muitíssimo interessantes, mas seria difícil encontrá-los em português fora da internet. Posted by Picasa

Nenhum comentário:

Postar um comentário