Esperei que fosse tudo um mal-entendido. Esperei que o subalterno dele fosse mais idiota que eu e tivesse abordado a garota errada, mas eu sabia que isso era muito improvável. Alguém que soubesse tanto da minha vida não cometeria um erro tão banal. A única coisa inaceitável era abaixar a cabeça para tudo e seguir copiosamente o plano desse tal C.
Escrevi novamente para o e-mail dele, mas a única resposta de recebi foi uma “mail delivery failed”. E agora? Seria eu obrigada mesmo a largar tudo e ir pro Rio de Janeiro como queria o maldito?
No dia seguinte acordei com dois homens batendo na minha porta. Às cinco da manhã, acordei com o barulho da campainha. Campainha maldita, olha a hora que voltou a funcionar. Devia ter continuado quebrada. Enrolei-me no roupão e meti a cara na janela, louca para xingar um. Ainda com a vista meio embaçada, vi do outro lado do muro dois homens de estatura média, com uma pele morena desbotada e um cabelo castanho cortado de qualquer jeito que não chame a atenção. Vestidos de marrom da cabeça aos pés, gritaram ao me ver na janela:
- Arrume-se, viemos te buscar!
Entrei em pânico. Abaixei-me bruscamente e fiz o maior esforço para pensar em algo a uma hora daquelas. Mas eu não era uma pessoa produtiva pela manhã...
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