sábado, 27 de novembro de 2004

Fios

Dear God, what have I done?
Cabelos. Compridos - enormes seria a palavra mais apropriada -, invasores, incômodos e inconseqüentes. Lisos, ondulados ou cacheados, são todos irritantes. Os malditos se esparramam sobre a mesa da minha carteira sem cerimônia alguma, irritando-me até fazer levantarem-se os meus. Amarelados, negros, avermelhados ou castanhos, nenhum deles hesita em descer o plano branco à minha frente. Seus odores impertinentes insistem em penetrar-me as narinas e por mais que eu os evite, sempre escapa um, o gametazinho que fecunda os meus sentidos e incha a minha cabeça, de irriquietação e nervosismo.
E ao fim de uma manhã cheia de fios, tapas e invasões, volto para a minha casa, para confrontar-me com o espelho e irritar-me com os meus, sempre tão insistentes em se espalhar, e sempre tão dispersos à procura do mundo, tentando a todo custo saírem de mim; uns conseguindo, outros não.

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