Juntei a grana que tinha ganhado da minha vó no natal e peguei um ônibus até a BR para Recife. Lá comecei a pedir caronas. Imaginei que seria mais fácil para mim, pelo fato de eu ser mulher. Não cheguei a pegar chuva nem nada. Consegui uma carona até Goiana e lá passei a noite para descansar um pouco. Eu estava meio preguiçosa, provavelmente não tinha pego ainda o espírito da estrada.
No dia seguinte voltei para a beira do asfalto e comecei a balançar minha mão. Eu estava com menos sorte nesse segundo dia e tive a brilhante idéia de pôr uma saia pra chamar mais atenção. Foi pei, buf. Em quinze minutos eu estava dentro de um carro com mais dois homens a caminho de Maceió. Boa carona, pensei eu.
Passamos de Recife e já perto da fronteira com Alagoas o rapaz que estava dirigindo entrou em uma estrada de terra. Era óbvio que aquele não era o caminho para Maceió. Mas já era cerca de cinco horas da tarde, achei que eles pudessem estar procurando um restaurante para jantar.
Cada vez ficávamos mais longe da civilização e passei a ficar mais aflita. Perguntei ao colega dele por que estávamos indo naquela direção e o outro freou o carro bruscamente. Parecia que eles estavam só esperando essa pergunta minha. Malditos carros de duas portas. Cada um trancou a sua respectiva e passou para o banco de trás, ficando cada um de um lado meu. Suei frio, senti uma dor de barriga estranha, uma vontade de vomitar, fiquei desesperada. Me agarrei à minha mochila e eles me agarraram. Gritei e o motorista me mandou calar a boca. Esperneei e ele mirou o cano de uma arma na minha testa. Falou que se eu resistisse morria ali, on the road. Esbravejei que preferia morrer a me deixar se estuprada e ainda cuspi no olho dele. Haha. Que satisfação. Pei, no meio da testa e buf no banco do carro.
Eu estava com menos sorte no segundo dia.
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