quarta-feira, 28 de junho de 2006

O moreno

Uma e meia da tarde saí do ginecologista e fui para a parada de ônibus.
Sentei ao lado de um rapaz moreno, de cabelos curtos e alguns primeiros fios brancos.
Não gosto muito de paquerar, mas ele percebeu o meu interesse e começamos a conversar.
Atrás de nós estavam sentados dois mórmons barulhentos. Acho que queriam que todos no ônibus soubessem que eles eram gringos. Até hoje não entendi qual é a dos mórmons.
Quando me dei conta estava beijando o moreno. Descobri da pior maneira que não é algo muito confortável beijar alguém dentro de um ônibus em movimento.
Ao olhar novamente para o rosto dele me arrependi imediatamente do que tinha acontecido. Ele sorria para mim e perguntou-me se eu queria ser sua namorada.
Arregalei os olhos e aleguei que nem o conhecia. Ele ficou furioso. Só não me chamou de santa.
O ônibus chegou na minha rua e puxei a cordinha para descer. O moreno segurou o meu braço e começou a me ameaçar.
Consegui me desvencilhar dele, desci correndo até a minha casa.
Quando estava abrindo o portão, o ônibus dobrou a esquina.
Acordei.
Levantei-me, puxei a cordinha e vim andando até a minha casa.

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