quarta-feira, 21 de junho de 2006

Solidão

Certo, uma prece: por motivos sentimentais. Deus Todo-Poderoso, lamento ser agora um ateu, mas o Senhor leu Nietszche? Ah, que livro! Deus Todo-Poderoso, vou jogar limpo nesta questão. Vou Lhe fazer uma proposta. Faça de mim um grande escritor e eu voltarei à Igreja.
Pergunte ao pó, John Fante


Puxei a cordinha do ônibus e desci na Prata. Olhei ao meu redor, mas não encontrei ninguém me esperando lá. Fui até a arvorezinha da esquina e me encostei nela para esperá-lo. Estava sem relógio e não tinha noção do tempo, mas imagino que tenha ficado esperando uma meia hora. Nesse meio tempo passou um carro cheio de homens fazendo gracinha para mim. Fechei a cara e olhei para o lado oposto.
Por mais que eu fizesse força para ter raiva dele, escancarei o sorriso quando o vi chegar. Deu-me um beijo no rosto e levou-me pela mão até sua casa. Senti um frio na espinha ao entrar lá. Tinha cheiro de homem. Fazia tempo que eu não sentia esse cheiro. Senti uma nostalgia maravilhosa. Passamos direto pela sala e fomos ao quarto dele. Afastou as cuecas e as meias jogadas em cima da cama para que eu me sentasse. Então começamos a nos beijar.
Ao fim da tarde ele vestiu as calças e acendeu um cigarro. Olhei para o lado e vi suas costas nuas. Sentei e comecei a me vestir. Quando eu já estava pronta, vestiu uma camisa branca, calçou as havaianas e abriu caminho até a parada do ônibus. Ao chegarmos ao ponto, beijou-me a testa e falou:
- Até amanhã.

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