- Na verdade não, mas que diferença isso faz? – respondeu Sofia para o seu então cafetão.
- Boa garota. Continue assim e será a nossa Hilda Furacão!
- Tudo que eu sempre sonhei...
- Ih, já começou a resmungar, tão cedo?
- Relaxe, eu não vou te causar problemas.
- Assim espero. Mas escuta, o que você acha de ter uma chinfra?
- Tipo o quê?
- Um sotaque estrangeiro, sei lá! Inventa algo.
- Sempre quis ter um tique nervoso.
- Algo sexy, por favor.
- Hum... Você é homem, ajuda aí!
- Que tal um sotaque francês?
- Não, isso já ta muito batido! E se eu fosse frígida? Gélida?
- Frígida? Meu doce, se os clientes quiserem uma mulher frígida irão atrás das suas esposas, sai mais barato. Uma puta de luxo tem que ser ardente, enlouquecedora.
- Uau.
- Palhaça.
- Olha o respeito. Puta.
- Você tem uma bela boca.
- E daí? Sabe que não adianta me cantar.
- Deixa de ser burra! Escuta, teu charme pode ser a boca.
- Biquinhos etc?
- E um batom vermelho.
- Que coisa mais... esquece. Continue.
- Você retocaria o seu batom vermelho a cada cliente. O gastaria todo nos corpos deles. Seus lábios seriam lembrados nos sonhos de todos os clientes satisfeitos. Faria com que eles não precisassem desejar outro buraco do teu corpo além dela, a boca. Eles implorariam para morrer triturados pelos teus dentes, para terem todo o sangue bebido por você.
Enquanto tecia suas pretensões, os olhos do cafetão brilhavam alucinados, sonhando com um futuro de glória. Após alguns segundos de silêncio, o vendo sorrindo olhando para o nada, Sofia diz:
- Certo, e você pode me dizer como eu vou me transformar nesse aspirador erótico?
- Praticando, docinho. Agora corra e faça jus aos lábios que o Pai te deu!
Sofia mostrou um sorriso meio preso e saiu da casa para botar a boca no mundo.
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