quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Adeus Bukowski!
Eu hoje fugi de casa. Não como a criança que foge com raiva dos pais, mas como a mulher que foge com raiva do mundo. Ao deixar minha filha na escola percebi que precisava de um pouco de brisa na barriga. Então pensei no mar e logo depois lembrei do livro de Bukowski que tinha comprado na banca, após sair da auto escola, onde eu fora à procura de um tutorial sobre InDesign. Pareceu-me então o programa perfeito para esta terça-feira à tarde: ler deitada numa esteira, embaixo de uma árvore até a hora de buscar Marina na escola. Cheguei no Cabo branco. Vocês devem pensar "nossa, que folga, vida boa!"
Estou voltando pra casa. Antes de chegar no meu destino recebo a ligação que eu tanto temia: meu pai, me chamando para encaixotar a mudança do meu irmão. Desci do ônibus para pegar outro de volta. Adeus praia, adeus brisa na barriga, adeus Bukowski! Ao invés disso, estou sentido o cheiro enjoado do desinfetante no azulejo do escritório.
Estou voltando pra casa. Antes de chegar no meu destino recebo a ligação que eu tanto temia: meu pai, me chamando para encaixotar a mudança do meu irmão. Desci do ônibus para pegar outro de volta. Adeus praia, adeus brisa na barriga, adeus Bukowski! Ao invés disso, estou sentido o cheiro enjoado do desinfetante no azulejo do escritório.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Bicho de rabo preso
Bicho de rabo preso
anda sempre desconfiado
Com seu olhar de bicho morto
olha sempre meio de lado
Empacar ele não empaca
que tem medo de ser caçado
Com seu trotar faceiro
desliza pelo meu lado
Se é bom de montaria
não sei
nunca testei
E ele passa, segue seu rumo
averiguando o rabo
se está bem guardado
Que preso ele tá
e se descuidar
ele pode ser ferrado
anda sempre desconfiado
Com seu olhar de bicho morto
olha sempre meio de lado
Empacar ele não empaca
que tem medo de ser caçado
Com seu trotar faceiro
desliza pelo meu lado
Se é bom de montaria
não sei
nunca testei
E ele passa, segue seu rumo
averiguando o rabo
se está bem guardado
Que preso ele tá
e se descuidar
ele pode ser ferrado
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Uma caixinha de música toca em meio às vozes deconhecidas. Bebo a minha cerveja, ah que saudades dela! Sei que pareço uma alcoólatra falando assim, mas ela é a minha única companheira, eterna, presente nos bons e nos maus momentos. Estou aqui, escrevendo novamente naquelas situações nas quais me encontro com frequência: sozinha em meio a uma pequena multidão, que conversa sem parar, porque não são como eu e sempre saem acompanhadas de diversos amigos. Meu discurso é chato, constante, mas a situação insiste em se repetir. Talvez eu tenha sido feita sob encomenda para a solidão. Pff, nem eu acredito nas baboseiras que escrevo. Mas a culpa é minha mesmo, por ter me identificado com grupos nos quais não me enquadro.
As luzes são fracas e me atraem como uma mariposa. Eu devo agora admitir que não escrevo movida pela inspiração, mas pela necessidade. Por isso o que digo talvez não faça sentido para mais ninguém. Mas me ensinaram no curso de inglês como nomear isto: stream of consciousness. Então digo-lhes que sou praticamente uma Virginia Woolf, mas é claro que vocês sabem que eu estou mentindo. Acho que é melhor parar de enrolar e voltar ao meu esforço extremo e frequente de me enquadrar em grupos aos quais não pertenço. Boa noite.
As luzes são fracas e me atraem como uma mariposa. Eu devo agora admitir que não escrevo movida pela inspiração, mas pela necessidade. Por isso o que digo talvez não faça sentido para mais ninguém. Mas me ensinaram no curso de inglês como nomear isto: stream of consciousness. Então digo-lhes que sou praticamente uma Virginia Woolf, mas é claro que vocês sabem que eu estou mentindo. Acho que é melhor parar de enrolar e voltar ao meu esforço extremo e frequente de me enquadrar em grupos aos quais não pertenço. Boa noite.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Geração de 85
Silas diz:
hmn
pqp cara
as trias de thays são muito bizzaras as vezes
Samuel diz:
depois reclama de mim
Silas diz:
vcs dois
eu não sei não
tem algo de errado nessa gração de 85
hmn
pqp cara
as trias de thays são muito bizzaras as vezes
Samuel diz:
depois reclama de mim
Silas diz:
vcs dois
eu não sei não
tem algo de errado nessa gração de 85
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Cartas de amor
“Todas as cartas de amor são ridículas” e é por nos darmos conta disso que as guardamos em nossas gavetas. Na minha infância eu escrevi minhas primeiras cartas de amor, perfumadas, com presentinhos dentro e declarações sinceras do meu coração infantil. Foi também na minha infância que pela primeira vez fui ignorada por um garoto. Não sei o que devo pensar disso, mas descobri que ele as guarda até hoje. Talvez por serem mesmo ridículas.
Resolvi então, passada a minha infância, não escrever mais cartas de amor, pois a primeira carta escrita para o meu primeiro namorado resultou em uma humilhação pública em sala de aula. Eu o perdoei, como viria fazer mais tarde tantas outras vezes com outros homens. Meus relacionamentos sempre terminam por ausência de amor, e não haveria o primeiro de terminar por causa de uma reação ridícula a uma carta de amor.
Continuei escrevendo-as, mas estas então não eram mais enviadas. Fantasiadas de contos, crônicas, sonhos e diálogos, continuei as produzindo em segredo, porque eu precisava me expurgar daqueles sentimentos, sem necessariamente me expor ao ridículo.
Mas descobri recentemente a tristeza que é não completar o ciclo de uma carta de amor. Sentimentos que nos fazem sentir ridículos podem ser recíprocos. Ou não. Aí a queda é grande. Mas quando ambos são fatalmente vítimas desse sentimento ridículo, ridículo é mantê-lo em segredo. Preso dentro de uma garrafa nunca jogada ao mar, asfixiado até o dia da sua morte.
Aí ele deixa de existir. Deixamos de nos sentir ridículos, abrimos a garrafa e jogamos fora os restos mortais daquela declaração antes tão pulsante. Constatamos então que somos a própria garrafa e estamos tão vazios quanto ela. E morremos pouco-a-pouco, sem aproveitar a oportunidade de nos sentirmos ridiculamente felizes ao receber uma carta de amor.
Resolvi então, passada a minha infância, não escrever mais cartas de amor, pois a primeira carta escrita para o meu primeiro namorado resultou em uma humilhação pública em sala de aula. Eu o perdoei, como viria fazer mais tarde tantas outras vezes com outros homens. Meus relacionamentos sempre terminam por ausência de amor, e não haveria o primeiro de terminar por causa de uma reação ridícula a uma carta de amor.
Continuei escrevendo-as, mas estas então não eram mais enviadas. Fantasiadas de contos, crônicas, sonhos e diálogos, continuei as produzindo em segredo, porque eu precisava me expurgar daqueles sentimentos, sem necessariamente me expor ao ridículo.
Mas descobri recentemente a tristeza que é não completar o ciclo de uma carta de amor. Sentimentos que nos fazem sentir ridículos podem ser recíprocos. Ou não. Aí a queda é grande. Mas quando ambos são fatalmente vítimas desse sentimento ridículo, ridículo é mantê-lo em segredo. Preso dentro de uma garrafa nunca jogada ao mar, asfixiado até o dia da sua morte.
Aí ele deixa de existir. Deixamos de nos sentir ridículos, abrimos a garrafa e jogamos fora os restos mortais daquela declaração antes tão pulsante. Constatamos então que somos a própria garrafa e estamos tão vazios quanto ela. E morremos pouco-a-pouco, sem aproveitar a oportunidade de nos sentirmos ridiculamente felizes ao receber uma carta de amor.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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