segunda-feira, 7 de junho de 2010

Roubadas

- Amiiiga, esqueceeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee ele e seja feliz! Happy, happy! Quem falou que a gente precisa de homem pra ser feliz? Hum? Hum?
- Eu? Hiuehiauhuiehuiheuiahe. Mas então, eu sei que ele não é o homem que vai me fazer feliz, mas é mais forte do que eu. Enquanto não aparecer outro que me tire ele da cabeça vou ficar nessa.
- Hahahahahahaha! E o amigo da sua mãe?
- O gay de 45 anos? Tá falando sério? Aehuihieuhuaiheiuahieuh, não sei qual roubada é maior.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

São João


- Quer dançar comigo?
- Não posso... Meu pé tá doendo.
- Mas vamos, eu vou devagar.
- Sério, não dá mesmo. Ó, meu sapato é desconfortável, ele tá me matando. Eu estava até procurando uma cadeira para me sentar.
- Não me diga que eu vou levar um fora, depois de vir de tão longe?
- Eu também vim de longe.
- De onde?
- João Pessoa.
- João Pessoa não é longe.
- É sim.
- Você tem namorado?
- Tenho.
- Ele tá aqui?
- Não, ficou lá em João Pessoa.
- É, você tem muita sorte em ter alguém como ele.
- Eu também acho.
- Eu no lugar dele não deixaria você vir sozinha.
- É por isso que eu não namoro pessoas como você.
Kelly: HAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAAHAHA!
- Sua amiga tá rindo de mim.
- Tá nada.



Texto de 2004, postado em um blog antigo que não está mais no ar.

domingo, 30 de maio de 2010

Miscommunication

- Thaïs?
- Oi?
- Tem uma cobra na sua pia.
- Hã?
- Uma centopéia. - disse Lu ao entender que Thaïs não estava ouvindo o que a mãe dizia.
- Não é uma centopéia, Lu. É uma cobra.
- O quê?
- Tem uma cobra na sua pia.
- Uma cobra na minha tia?
- Pia! Tem uma cobra na sua pia.
- Ela tem pernas!
- E aí?
- Não é uma cobra, mãe.
- Então o que é?
- Uma centopéia.

Texto de 2004, postado em um blog antigo que não está mais no ar.

sábado, 29 de maio de 2010

Política brasileira

- É o Lobo! É o Lobo! É o Lobo!
- Oh, vejo que já me conhece. Nada mais justo que me diga o seu nome também.
- Pedro.
- Pedro de quê?
- Pedro Bó.
- Muito prazer, seu Bó. Lobo Mau, à sua disposição.

Texto de 2004, postado em um blog antigo que não está mais no ar.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Parafraseando Lenine

- Olá.
- Oi.
- Desculpe-me por chegar te interrogando do nada, mas eu não te conheço de algum lugar?
- Provavelmente.
- Qual o seu nome?
- Umbigo.
- É, não me soa estranho. Eu me chamo Pedro.
- O prazer é todo seu.
- Ora essa, como você adivinhou?
- ...
- Vejo que não gosta de falar muito, né?
- Não com outras pessoas.
- Você fala sozinho?
- Só quando é necessário. Eu geralmente só fico olhando pra mim mesmo.
- Meio egocêntrico, não?
- Pedro bó, meu nome é Umbigo.
- Como você descobriu o meu sobrenome?
- Tchau.
- Espera, seu Umbigo! Você é algum tipo de vidente? Eu queria saber algumas coisas sobre o meu futuro! Droga... ... Oi, eu te conheço de algum lugar?

Texto de 2004, postado em um blog antigo que não está mais no ar.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Acorda, amor

Acorda, amor
Não vê que eu estou aqui te esperando
Chamando, chamando, chamando
Esperando você entrar

Acorda, amor
Meu sorriso não é só simpatia
É que é plena minha alegria
Ao te ver passar

Acorda, amor
Enquanto ainda é tempo
Vem me amar
Antes do tempo passar

Pois uma vez ausente
Mesmo o amor que mais se sente
Um dia se dissipa
Como a espuma do mar

sábado, 15 de maio de 2010

Bêba fatality


Igor diz:
 =)
 vc tem as moral de dar uma de femme fatale?

Ideiafix diz:
 acho que não
 tenho as moral de dar uma de bêba fatality

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Por que eu tinha que me apaixonar?

- Por que eu tinha que me apaixonar? - perguntei eu ao meu melhor amigo.
- Porque você pediu. Era "eu preciso me apaixonar" pra cá, "eu quero me apaixonar" pra lá. Pronto, se apaixonou.
- Tá, mas eu não queria me apaixonar com um cara comprometido.
- Você especificou?
- Não.
- Então pronto.
- Mas precisa? Não é tipo, o óbvio ululante? Quem quer se apaixonar por um cara comprometido?
- Até pouco tempo atrás você não reclamava. Dizia que era ótimo ter uma relação rápida e intensa sem compromisso, com a garantia de que o cara não viria atrás de você porque já tinha namorada.
- Tá, mas agora eu não quero mais.
- E tá pensando que a rapadura é mole? Nem tudo é do jeito que você quer não, minha querida. Saiu na chuva é pra se molhar. Eu acho mesmo que isso é karma.
- Karma por quê?
- Como por quê? Ficou com tanto homem casado e com namorada nessa vida que agora é só o que te aparece.
- Mas eu sou uma boa pessoa...
- É, uma ótima pessoa, se não fosse eu não seria seu amigo.
- Então, eu não mereço esse castigo.
- Não mesmo?

A conversa com o Guto não foi das melhores, voltei pra casa arrasada. Será que era tudo karma mesmo? Que a culpa era minha? Que eu estava pagando pelos meus pecados? Que eu nunca mais ia conseguir um homem pra chamar de meu?
Ao chegar em casa entrei logo no orkut, essa versão tão aprimorada dos classificados amorosos. Comecei a fuçar meu amigos, amigos dos amigos e amigos dos amigos dos amigos. Sempre que aparecia alguém interessante eu ia lá e "pei", fuçava. Namorando. Namorando. Namorando. Casado.
Aí eu desisti de procurar um novo e fiquei com o meu velho comprometido de sempre, pelo menos já era terreno conhecido.

domingo, 25 de abril de 2010

Lesbianismo é a solução?

MÃE: Você tá muito "rueira", viu? Homem não gosta de mulher que sai demais não.

EU: Bah, eu tô cansada dos homens.

MÃE: Então vá atrás de uma mulher.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A cerca

O tempo passa
algumas coisas mudam
outras não.

Não tenho mais aquela borboleta
que um dia desenhaste.
Partiu-se.

Mas no meu quadro
resta aquela flor
presa
tentando fugir da cerca
que a cerca.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sunny

- Olha a minha câmera!
- É uma Diana?
- Não, é minha.
- É uma Diana?
- Indiana? Não, é Made in China.
- É uma Diana?
- Ahh, Diana? Não, é uma Sunny.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Hoje o Samuel chegou pra mim no MSN, pedindo que eu criasse um diálogo para uma tirinha que ele tinha desenhado. Eis aqui o resultado:

domingo, 14 de março de 2010

Frank Zappa

 aheuaheuaheuaehauehae
 eu vi um cara
 meodeos
 n lembro onde
 q era supr seu tipo

 em campina??
 ou gente

 n lembro nem onde foi
 se foi foto
 se foi aqui

 tem que guardar essas informações
 e me avisar ;~~~

 minha memoria me boicota

 e a mim tambem, ne?

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQaPVtNeC_17PW8MSbG7gRveOxfxaKZ2MLDYPRzrlt6f_WuWzYbz4M-aumQJ0j-Yne0-vt7inO62MxYK2kl5NazOsdTn29rQ293m8BU8AjwAKr5w1pAhP3VAd9Zi0ChJb6JVf8/s320/Frank_Zappa.jpg ahuehauhe

 PQP
 ERA FRANK ZAPPA
 OMG
 ERA ERA
 eu tava super ouvindo essa semana
 aih fui ver as fotos
 aehuaheuaehuaehaehaeuaheuahe
 foi isso mermo
 aheuaheuaheuaheuaheuaehuae
 shoks

 afeeeee
 credito nao
 o cara que era meu tipo era FRANK ZAPPA??????? ¬_¬

sexta-feira, 5 de março de 2010

Aparelhos de som

Saí do Detran e no ônibus tinha um cara tocando violão. O motorista dirigia feito um louco e eu escapei de cair pelo menos uma três vezes. Cheguei a me visualizar com a coxa roxa por causa de uma provável porrada na porra do braço do violão. Afinal, isso lá é lugar de se tocar violão, velho? Acho que já vi em algum ônibus a mensagem "proibido aparelhos de som" ou algo do tipo. Mas é claro que sempre tem algum filho da puta de péssimo gosto pra desobedecer a lei. O que de certa forma me entristece, porque com tanta música boa no mundo, a maioria prefere ouvir um lixo enlatado qualquer. Mas enfim, o que eu queria dizer era que um violão não deixa de ser um aparelho de som, né?
Falando nisso, essa minha experiência na auto escola me fez lembrar por que eu tinha tanto abuso dos meus colegas na escola. Existem tipos que se repetem. Em primeiro lugar estão os enturmados, que adoram mostrar o quanto são interessantes e engraçados, ocupando sempre uma boa parte das aulas com comentários dispensáveis. Há também os espertões, que precisam mostrar como são inteligentes e bem informados. E finalmente, há os chatos, categoria na qual me enquadro, que criticam a tudo e a todos, ou melhor, fazem pilhéria. Uma diferença da auto escola é que nela, aparentemente, perde-se todo o pudor de deixar ou esquecer o celular ligado, então quando menos se espera, começa a sinfonia dos aparelhos vindos diretamente de alguma sucursal do inferno.

quinta-feira, 4 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Me gustan los lunaticos

Ojos de serpiente

brazos de aguardiente

e piernas para que te quiero

pero que quieren los bichos de siete cabezas?

comenzar la guerra!

andale andale

mietele la rastiera

comienzen lo barraco

los lunaticos no se afectan

sieguen la vida pulando por entre las nuvenes

ovellas traizoeras

que se esquivan querendo hacier algun lunatico cair

pero eles tienen la maña

e montan e las ovellas

cavalgando-las como travesieros

e al fin de la batalla

saen vencedores

porque los bichos

de siete cabezas

no saben ser

felices.

Tira #009

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Adeus Bukowski!

Eu hoje fugi de casa. Não como a criança que foge com raiva dos pais, mas como a mulher que foge com raiva do mundo. Ao deixar minha filha na escola percebi que precisava de um pouco de brisa na barriga. Então pensei no mar e logo depois lembrei do livro de Bukowski que tinha comprado na banca, após sair da auto escola, onde eu fora à procura de um tutorial sobre InDesign. Pareceu-me então o programa perfeito para esta terça-feira à tarde: ler deitada numa esteira, embaixo de uma árvore até a hora de buscar Marina na escola. Cheguei no Cabo branco. Vocês devem pensar "nossa, que folga, vida boa!"
Estou voltando pra casa. Antes de chegar no meu destino recebo a ligação que eu tanto temia: meu pai, me chamando para encaixotar a mudança do meu irmão. Desci do ônibus para pegar outro de volta. Adeus praia, adeus brisa na barriga, adeus Bukowski! Ao invés disso, estou sentido o cheiro enjoado do desinfetante no azulejo do escritório.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Bicho de rabo preso

Bicho de rabo preso
anda sempre desconfiado
Com seu olhar de bicho morto
olha sempre meio de lado
Empacar ele não empaca
que tem medo de ser caçado
Com seu trotar faceiro
desliza pelo meu lado

Se é bom de montaria
não sei
nunca testei

E ele passa, segue seu rumo
averiguando o rabo
se está bem guardado
Que preso ele tá
e se descuidar
ele pode ser ferrado

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Uma caixinha de música toca em meio às vozes deconhecidas. Bebo a minha cerveja, ah que saudades dela! Sei que pareço uma alcoólatra falando assim, mas ela é a minha única companheira, eterna, presente nos bons e nos maus momentos. Estou aqui, escrevendo novamente naquelas situações nas quais me encontro com frequência: sozinha em meio a uma pequena multidão, que conversa sem parar, porque não são como eu e sempre saem acompanhadas de diversos amigos. Meu discurso é chato, constante, mas a situação insiste em se repetir. Talvez eu tenha sido feita sob encomenda para a solidão. Pff, nem eu acredito nas baboseiras que escrevo. Mas a culpa é minha mesmo, por ter me identificado com grupos nos quais não me enquadro.
As luzes são fracas e me atraem como uma mariposa. Eu devo agora admitir que não escrevo movida pela inspiração, mas pela necessidade. Por isso o que digo talvez não faça sentido para mais ninguém. Mas me ensinaram no curso de inglês como nomear isto: stream of consciousness. Então digo-lhes que sou praticamente uma Virginia Woolf, mas é claro que vocês sabem que eu estou mentindo. Acho que é melhor parar de enrolar e voltar ao meu esforço extremo e frequente de me enquadrar em grupos aos quais não pertenço. Boa noite.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Geração de 85

Silas diz:
 hmn
 pqp cara
 as trias de thays são muito bizzaras as vezes

Samuel diz:
 depois reclama de mim

Silas diz:
 vcs dois
 eu não sei não
 tem algo de errado nessa gração de 85

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Cartas de amor

“Todas as cartas de amor são ridículas” e é por nos darmos conta disso que as guardamos em nossas gavetas. Na minha infância eu escrevi minhas primeiras cartas de amor, perfumadas, com presentinhos dentro e declarações sinceras do meu coração infantil. Foi também na minha infância que pela primeira vez fui ignorada por um garoto. Não sei o que devo pensar disso, mas descobri que ele as guarda até hoje. Talvez por serem mesmo ridículas.
Resolvi então, passada a minha infância, não escrever mais cartas de amor, pois a primeira carta escrita para o meu primeiro namorado resultou em uma humilhação pública em sala de aula. Eu o perdoei, como viria fazer mais tarde tantas outras vezes com outros homens. Meus relacionamentos sempre terminam por ausência de amor, e não haveria o primeiro de terminar por causa de uma reação ridícula a uma carta de amor.
Continuei escrevendo-as, mas estas então não eram mais enviadas. Fantasiadas de contos, crônicas, sonhos e diálogos, continuei as produzindo em segredo, porque eu precisava me expurgar daqueles sentimentos, sem necessariamente me expor ao ridículo.
Mas descobri recentemente a tristeza que é não completar o ciclo de uma carta de amor. Sentimentos que nos fazem sentir ridículos podem ser recíprocos. Ou não. Aí a queda é grande. Mas quando ambos são fatalmente vítimas desse sentimento ridículo, ridículo é mantê-lo em segredo. Preso dentro de uma garrafa nunca jogada ao mar, asfixiado até o dia da sua morte.
Aí ele deixa de existir. Deixamos de nos sentir ridículos, abrimos a garrafa e jogamos fora os restos mortais daquela declaração antes tão pulsante. Constatamos então que somos a própria garrafa e estamos tão vazios quanto ela. E morremos pouco-a-pouco, sem aproveitar a oportunidade de nos sentirmos ridiculamente felizes ao receber uma carta de amor.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Maratona do Dia do Quadrinho Nacional 2010


Nossa querida Olga esteve presente na maratona do BLOG DOS QUADRINHOS. Parabéns ao Paulo Ramos pela iniciativa, e muito obrigada pelo espaço e divulgação!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

I'm dreamin' of a man

I'm dreamin' of a man
That will leave me
No need
Of dreamin' anymore

I will so lie in his arms
And dream an everlasting dream
In which I'll find such peace of mind
As if I was never out of my mother's womb

And dreamin' won't be necessary anymore
And there'll be no more lies
Like this I create in the dream
I've been dreamin' for so long

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Até o amanhecer

A madrugada é para mim o melhor momento para o homem se encontrar consigo mesmo. É quando todas as obrigações estão adormecidas e as esperanças se renovam. É o momento da espera, o momento do encontro e também das decepções. São as ditas horas mortas em que a vida tem a oportunidade de se manifestar de maneira mais real. Seja na solidão da reclusão do lar ou numa festa interminável que ignora o canto dos pássaros que acordam junto à alvorada.
É nesse período em que se encontram e se separam os amantes, em que a sonolência do mundo permite que a imaginação dos noctívagos crie asas para realizar grandes feitos. É quando se realizam e se desmascaram as infidelidades, quando se firmam as grandes parcerias e quando ocorrem a maioria das fecundações. É a madrugada meu momento favorito do dia. Dormi-la parece-me um desperdício. Perder o nascer do sol um sacrilégio. Viver sob o sol escaldante uma tortura.
Mas ela é minha. E nela vivi grandes aventuras. Conheci novos amores, me decepcionei com os antigos, fui fecundada e senti os primeiros sinais do início da maternidade, que me manteve acordada madrugadas a fio. Conheci novos amores. Me decepcionei com os antigos. Remoí os antigos. Revivi os antigos. Desejei revivê-los. Desejei reviver amores que nem chegaram a se tornar amores. E mesmo quando dormia, sonhava na madrugada a realização do impossível.
Escrevi. Apaguei. Adorei, detestei. Mas amei, amei, amei e por isso amo a madrugada.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Acho que preciso me apaixonar (2)

Tentativa de melhorar a última estrofe, que estava totalmente insatisfatória...  Veja a primeira versão aqui.



Se a luz do sol
Já não é suficiente pra me acordar
Acho que preciso me apaixonar
Se o cantar dos pássaros de manhã
Só serve para me irritar
Acho que preciso me apaixonar
Se nenhuma música
É capaz de me relaxar
Acho que preciso me apaixonar

Mas se olho para os lados
E meu coração não encontra
Alguém para se entregar
Eu entrego a minha boca
Eu entrego os meus braços
Eu entrego o meu corpo
Sem nunca me apaixonar

Quando o tédio nas conversas
Paira no ar
Sinto que preciso me apaixonar
Quando a lua cheia
É só uma bola no ar
Sinto que preciso me apaixonar
Se até meus amores
Só conseguem me irritar
Sinto que preciso me apaixonar

O mundo está cheio
De homens e mulheres
Com os braços estendidos
Com os lábios entreabertos
Com o corpo estremecido
Mas eu sigo adiante
Procurando sem encontrar
Um coração em que eu caiba
Que sirva a mim
Para que eu possa enfim
Enfim me apaixonar

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

BASEADO EM FATOS REAIS: Cartão

- Investe nos teus dotes de maquiagem e arranja uns bicos pra juntar a grana pra nossa viagem a Paris!
- Mas dá pra a gente juntar, pô. Dois anos é muito. Ainda mais dois anos e meio, por aí... todo mundo quando chegar perto fica sensibilizado e faz doações.
- Mas tem que ver que passagem é caro pô. E outra, se a gente juntar uma grana legal dá pra de repente ficar uns dois meses. Ou comprar muitas roupas lindas.
- Mas a passagem é no cartão, pô.
- E cartão num gasta dinheiro não, é? É dinheiro mágico?
- Gasta.
- Então.
- Mas no cartão ALHEIO.

domingo, 22 de novembro de 2009

O Super Presidente

Os anos 2000 são dos presidentes super-heróis. Onde não basta ganhar as eleições e governar bem, os eleitores, e até os que não são eleitores do local em questão, esperam que seja feita uma revolução imediata. Mas os resultados das revoluções, apesar de imediatos, nem sempre se mostram duradouros, efetivos, ou bons a longo prazo.
Nem sei por que estou falando dessas coisas aqui, eu nem me meto em política. Aliás, sei. Acabei de assistir a dois documentários: "Entreatos" e "Lula, para além da esperança", ambos sobre o presidente do Brasil, e principalmente no segundo nota-se uma esperança de que ele seja o salvador da pátria, aquele que vai acabar com todas as mazelas do país em quatro anos. Alguma semelhança com eleições mais recentes?
A esperança deve sim ser mantida, mas não é Lula e não é Obama que vai salvar o mundo de todos os seus problemas. O super-homem não existe, é necessário que nós, homens comuns, nos conscientizemos das nossas responsabilidades perante o futuro do planeta ao invés de passarmos a batata quente, infinitamente, de um governante para outro, seja ele um revolucionário ou um político.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

SMS

MENSAGEM 1:
Tô de frente a um cara IGUAL a tu aqui na UFCG!

MENSAGEM 2:
É imitação barata de campinense. E todo gordo de barba e óculos é igual a mim. Hunft.

MENSAGEM 3:
Sério, pô, até o cabelo é igual!

MENSAGEM 4:
Eu o meu eu bizarro, que nem em Laboratório Submarino. Cuidado para não achar a Thaïs bizarra por aí.
Silas falou que viu na UFPB igual a você. A você bizarra tá em João Pessoa!

MENSAGEM 5:
Meu deus, nos clonaram!

MENSAGEM 6:
<o>

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Dinheiro

- Cara, tá foda. Não aguento mais usar mouse. Preciso de uma tablet.
- Kkkk.
- Meu braço tá doendo pra caralho. Só editei uma imagem hoje mas ele já tá doendo.
- Pior que me incomoda um pouco usar tablet.
- Por que?
- É que eu fico com a mão sobre meu dedinho, aí fica doendo o dedinho...
- Ah. Melhor do que doer o braço inteiro, né. E ter uma LER. Humpf.
- É que eu já convivo com a minha ler desde meu 1º estágio. Eu utrapassei as barreiras da dor, ahuuhahua. Uma tablet boa da Wacon tá uns 250 reais...
- Tenho isso não, nego. Eu num tenho 7 conto pra me depilar ali na esquina. Tô parecendo a monga, já tô até com vergonha de fazer sexo.
- Pior sou eu que tô catando moeda pela casa pra ir de ônibus pra faculdade e tirar xerox.
- Eu gastei meus últimos 10 reais ontem pra botar dinheiro no cartão de passe e hoje tirei meus últimos 5 reais do banco.
- Tá foda, aqui em casa todo mundo tá super liso.
- Já gastei 2 lanchando na universidade.
- Só quando sair a pensão próximo mês agora. Tava com uma grana mas foi toda pra pagar conta de telefone... Vou agora jogar Ninja Gaiden, tô a dois dias preso na porra do desafio, é muito difícil... Mas tenho que passar dessa merda, é questão de honra. Xero!
- Ahuehuahuehauhe, vá lá!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Linha do tiro

SKETCH 1 – LINHA DO TIRO

PERSONAGENS: Senhora

Assaltante 1

Assaltante 2

Assaltante 3

Uma senhora está no caminho pro ponto de ônibus e encontra um assaltante.

ASSALTANTE 1: Se si buli morre.

SENHORA: Hã?

ASSALTANTE 1: Si si buli morre.

SENHORA: Como é?

ASSALTANTE 1 (irritado): Se se bulir morre!

SENHORA: Aaaah...

A senhora fica olhando pra cara do assaltante, assustada, após ter entendido finalmente o que ele dizia.

SENHORA: O que você quer?

ASSALTANTE 1: A senhora tem um real?

SENHORA: Meu filho, eu só tenho um passe aqui...

ASSALTANTE 1: Num tem um vale não?

SENHORA: Não, eu tenho carteirinha de estudante, só compro passe.

O assaltante pega o passe da mão da senhora, que a havia estendido para ele, olha por algum tempo e devolve.

ASSALTANTE 1: Obrigado.

Ela continua o seu caminho, calmamente até o ponto de ônibus, sem se dar conta do que havia realmente acontecido. Ela chega ao ponto e pouco tempo depois aparecem dois “malas” vindo na sua direção. O menor dos dois já vinha de longe com a mão na cintura, insinuando que estava armado. A senhora olha para eles, não esboçando reação alguma. Quando o assaltante que estava armado chega mais perto dela, o outro se afasta, olhando a situação de longe. Antes que o primeiro dissesse qualquer coisa, ela fala:

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?

ASSALTANTE 2: Não, porra!

SENHORA: O senhor é Hare Krishna, não é?

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?

ASSALTANTE 2: Não!

SENHORA: É cego?

ASSALTANTE 2: Cego?

SENHORA: Ta com uma ferida e quer comprar remédio?

ASSALTANTE 2: Chega, caralho!

SENHORA: O quê?

ASSALTANTE 2: Isto é um assalto, não ta vendo?

SENHORA: Onde?

ASSALTANTE 2: Aqui, no ponto de ônibus.

SENHORA: E por que você não faz alguma coisa?

ASSALTANTE 2: Eu?

SENHORA: Chama a polícia?

ASSALTANTE 2: Essa velha é doida! (FALA PRO ASSALTANTE QUE ESTÁ DO OUTRO LADO DA RUA, RACHANDO O BICO)

SENHORA: Quem é doida?

ASSALTANTE 2: Chapadona! Passa logo a bolsa.

SENHORA: Não falei?

ASSALTANTE 2: O dinheiro, minha senhora.

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?

ASSALTANTE 2: Não, porra!

SENHORA: O senhor é Hare Krishna, não é?

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?

ASSALTANTE 2: Não!

SENHORA: É cego?

ASSALTANTE 2: Cego?

SENHORA: Ta com uma ferida e quer comprar remédio?

ASSALTANTE 2: Chega, caralho!

SENHORA: O quê?

ASSALTANTE 2: Isto é um assalto, não ta vendo?

SENHORA: Onde?

ASSALTANTE 2: Aqui, no ponto de ônibus.

SENHORA: E por que você não faz alguma coisa?

ASSALTANTE 2: Eu?

SENHORA: Chama a polícia?

ASSALTANTE 2: Essa velha é doida! (FALA PRO ASSALTANTE QUE ESTÁ DO OUTRO LADO DA RUA, RACHANDO O BICO AO QUADRADO)

SENHORA: Quem é doida?

ASSALTANTE 2: Chapadona! Passa logo a bolsa.

SENHORA: Não falei?

ASSALTANTE 2: O dinheiro, minha senhora.

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?

ASSALTANTE 2: Não, porra!

SENHORA: O senhor é Hare Krishna, não é?

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?

ASSALTANTE 2: Não!

SENHORA: É cego?

ASSALTANTE 2: Cego?

SENHORA: Ta com uma ferida e quer comprar remédio?

ASSALTANTE 2: Chega, caralho!

SENHORA: O quê?

ASSALTANTE 2: Isto é um assalto, não ta vendo?

SENHORA: Onde?

ASSALTANTE 2: Aqui, no ponto de ônibus.

SENHORA: E por que você não faz alguma coisa?

ASSALTANTE 2: Eu?

SENHORA: Chama a polícia?

ASSALTANTE 2: Essa velha é doida! (FALA PRO ASSALTANTE QUE ESTÁ DO OUTRO LADO DA RUA, RACHANDO O BICO AO CUBO)

SENHORA: Quem é doida?

ASSALTANTE 2: Chapadona! Passa logo a bolsa.

SENHORA: Não falei?

ASSALTANTE 2: O dinheiro, minha senhora.

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?


Texto baseado em fatos reais e no conto homônimo de Marcelino Freire.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Declaração (de desamor) a um canalha

Monstro de duas cabeças, múltiplas personalidades. Tal qual a hidra, corta-se uma e encontra logo outra para substituí-la. Narciso deturpado, que esconde seu egocentrismo por trás da máscara da baixa auto-estima. Vil manipulador que por intermédio da arte aproveita-se dos seus dotes – talvez os únicos que possua – para alcançar seus propósitos impróprios. Besta fera enganadora que conquista a tal ponto que mesmo te odiando é impossível não te querer bem. Presença contaminadora da qual é impossível desfazer-se sem muito esforço, mas que se desfaz. E quando vai embora o amor e vai embora o ódio, resta apenas o nada.

sábado, 19 de setembro de 2009

Epifania

Ela terminou de assistir a um filme e sentiu a necessidade de dançar. Colocou uma sonata de violoncelo e começou a correr e girar pela casa. Correu por todos os cômodos, sentindo-se louca, ou agindo como uma. Correndo e dançando desfez-se do vestido. Jogou-o longe. Continuou correndo pela casa, girando e pulando cada vez mais rápido, cada vez mais longe. Tirou também a calcinha e jogou no quarto. Continuou correndo pela casa, sem saber o que queria com aquilo. Talvez desfazer-se de toda a energia que possuía acumulada dentro de si. Parou no meio da sala e girou continuamente até ficar tonta. Depois girou para o lado contrário e ficou tonta mais uma vez. Parou de girar. Parou de correr. Jogou-se no sofá para recobrar a respiração. Agarrou-se no edredom e respirou fundo, até ter condições de se levantar novamente. Levantou-se, ainda agarrada no edredom, apanhou o vestido largado no chão, e largou os dois em cima da cama. Apanhou a calcinha jogada no quarto e levou até o banheiro. Tirou o sutiã e largou no chão. Foi para debaixo do chuveiro. Ligou-o e desfez-se de toda a adrenalina que havia conseguido. Sua epifania acabara.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Auspicioso

Me pergunto se existe algum estudo antropológico realizado nas filas dos sanitários. Lá acontece uma interação social que você não encontra em nenhum outro lugar. Até eu fico simpática em fila de banheiro.
Que as novelas exercem grande influência na vida dos brasileiros não é nenhuma novidade, eu mesma já cansei de ouvir pessoas ao meu redor falando "tic" ou "rarebaba" e afins. Mas quando alguém te diz na fila do banheiro onde há um submarino entalado na privada que ninguém está entrando lá porque ele não está muito "auspicioso", sinto que esse fato merece ser mencionado.

domingo, 6 de setembro de 2009

Acho que preciso me apaixonar

Se a luz do sol
Já não é suficiente pra me acordar
Acho que preciso me apaixonar
Se o cantar dos pássaros de manhã
Só serve para me irritar
Acho que preciso me apaixonar
Se nenhuma música
É capaz de me relaxar
Acho que preciso me apaixonar

Mas se olho para os lados
E meu coração não encontra
Alguém para se entregar
Eu entrego a minha boca
Eu entrego os meus braços
Eu entrego o meu corpo
Sem nunca me apaixonar

Quando o tédio nas conversas
Paira no ar
Sinto que preciso me apaixonar
Quando a lua cheia
É só uma bola no ar
Sinto que preciso me apaixonar
Se até meus amores
Só conseguem me irritar
Sinto que preciso me apaixonar

O mundo está cheio
De homens e mulheres
Com os braços estendidos
Com os lábios entreabertos
Com o corpo estremecido
Mas não encontro
Em nenhum deles
O coração
Para me apaixonar

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Voltei

Às vezes tenho vontade de permanecer incógnita. Até encontrei um lugar para isso, mas não é como aqui. Aqui me sinto à vontade, em casa. Em uma casa só minha, onde ninguém me julga. O que não chega a ser verdade, já que há muitos juízes na minha casa. Muitos nem mesmo compreendem o que digo. Aliás, a maioria não compreende. Sejam juízes ou platéia. Mas é um risco que se corre. Nenhuma paixão está imune, nem mesmo à literatura. Infelizmente, não posso ignorar os meus juízes, mas resolvi não mais me curvar diante deles. Mais uma vez dou a minha cara a tapa. Não tenho porque me esconder. Não fiz nada errado. A hipocrisia não vai me vencer. Minha literatura não é criminosa. Por isso me liberto. Só assim posso me compreender melhor. Só escrevendo sobre mim que consigo me reconhecer. E escrever sobre mim não é fazer um diário, é externar todos os personagens que existem no meu peito, na minha mente, nos meus olhos. O oposto da vida é a morte e não cabe a mim assassiná-los. Todos fazem parte de mim e ao pari-los volto a me sentir viva.

domingo, 16 de agosto de 2009

Suzane

Suzane era uma mulher que não gostava de homens. Não apenas sexualmente, ela literalmente desprezava todos os “exemplares” do sexo masculino. Até mesmo os não tão masculinos. Talvez por decorrência de algum trauma na infância do qual ela não se recordava de maneira alguma. Talvez ela se sentisse injustiçada em uma sociedade patriarcal, ainda com tantos estigmas do machismo.
O fato era que ela, desde que se recorda, sempre evitou ter homens ao seu redor. Estudou em escolas só para garotas, na universidade procurou fazer um curso onde a maioria dos estudantes fosse feminina. E dessa maneira foi seguindo adiante com a sua vida e nunca sentiu que isso fosse um problema até que ela se deparou com um sentimento inédito: a necessidade de se tornar mãe.
Mas não bastava adotar uma criança. Ela precisava senti-la crescendo em seu ventre, se alimentando junto com ela, nessa simbiose perfeita que é a gravidez. Mas a ideia do ato sexual com um homem a enojava, de maneira que mesmo uma inseminação artificial parecia-lhe algo repugnante.
Suzane resolveu ceder, pois o amor que sentia pelo seu filho já superava a sua aversão a tudo relativo ao cromossomo Y. De maneira que quando o seu filho nasceu, ela olhou pela primeira vez com ternura para um ser do sexo masculino.

sábado, 11 de julho de 2009

Player man

If you don’t love me
Why keep you playin’ with my heart?
I would give you the sun and stars
Though I know you won’t accept
‘Cause you don’t want my love
But you don’t let me go away
Make me smile everyday
That’s why I’m filled with hope

All my friends tell me to give up
But they know you would be
The right man for me
If you just let me love you
Oh my player man
Every night is sad without you
My cold feet don’t let me forget
That the man I love won’t love me back

If I just knew when I first met you
That you would make my heart beat so strong
I would have hugged you so you’d never
Ever ever go away
Oh my player man

That’s just how much I love you
Write a letter everyday
And burn it right away
‘Cause just as Billie I can’t admit
How hard will my heart beat
When you call my name

And in the empty crowd
I keep foolin’ myself
Pretending not to care
Pretendind to forget
A player man that makes me dream
Of a life I cannot live
A life where you would love me
And let me hug and kiss you
Even under the fiery sun

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mentolado

- Caralho. Eu pedi dois pacotes de camisinha pra completar dez reais na farmácia e o cara me manda Blowtex de MENTA! Puta merda.
- Puta. Que bosta mesmo.
- Foda.
- Arde.
- Só porque eu pedi spray pra garganta. Ele deve ter pensado que caso eu fosse fazer um boquete faria bem pra garganta também.
- Uma vez meu namorado botou. No começo era agradável, mas aí começou a arder e só parou de arder no outro dia.
- Que merda. E comprei logo dois pacotes porque a farmacia só entregava se completasse dez reais.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Gripe suína

PeggyDay diz:
aaaahm
ehehehhe
e eu ia te dizer algo e esqueci
merda
aaah
to com medo da gripe suina
o pior eh q parece q vai fechar td
e eu tenho q levar o ban no veterinario

"Violets are blue" diz:
afe ;P

PeggyDay diz:
na sua opiniao o veterinario vai ta aberto?

"Violets are blue" diz:
nao faço a menor ideia
se vai fechar tudo é de se supor que o veterinario tb
no maximo ficarao abertos so os hospitais
ninguem pensa nos animaizinhos ;~~

PeggyDay diz:
=((((
pois eh
por isso q o porco ficou gripado
humpf

"Violets are blue" diz:
huhuhuehuehuhuehue
cara
isso vai pro meu twitter, ehueuhuh
aliás
nao
tem que ir pro blog

PeggyDay diz:
heiehiehiehie
total!

"Violets are blue" diz:
heuuehuehuehuheuhuhuhe

sábado, 20 de junho de 2009

Mais uma dos contos de fadas desvirtuados

Sexta-feira pela manhã caminho em direção à universidade, carregada com duas bolsas, três bandejas e duas garrafas cheias de químicos em uma mão e um misto quente na outra. De repente vejo no horizonte o príncipe encantado a galopar em minha direção. "Não há de ser nada, apenas um transeunte matinal". Mas ele me aborda e pergunta se eu tenho um real. Respondo que não - e era verdade, talvez 0,50, no máximo! - e ele me pede para entregar-lhe a minha bolsa, não por cavalheirismo, mas por marginalismo, mesmo.
A minha bolsa com minha câmera? Ou a minha bolsa com minha carteira, pinças para utilizar na aula, agenda, mp4, óculos, enfim, minha vida? Ele acrescenta que não devo correr e penso "hum, boa idéia, ops, ideia, que agora não tem mais acento - ah essa reforma ortográfica...". Grito "dou não!" e corro então de volta para casa, mas o cavalo era mais rápido que a pata choca carregada aqui. Dou meia-volta e ponho-me a correr na direção oposta. Alguns metros depois constato que ele não está mais no meu encalço e paro de correr. Engolindo o coração de volta, chego à triste conclusão de que não se fazem mais contos de fadas como antigamente.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Desvirtuando Shakespeare

para Samuel

- Oh, Romeu, onde estás que não me atendes?
- Estou aqui embaixo, bela Julieta!
- Romeu, amor meu, como queria que estivesses aqui ao meu lado nesse instante, mas demoraste muito, não tarda a hora da cotovia cantar.
- Então joga logo as tuas tranças!
- Tranças, Romeu?
- Sim, antes que os sete anões voltem e tu adormeças novamente.
- Ô Romeu, você tá me confundindo com outra?
- Julieta, preciso bater a real contigo. Gosto muito de você, mas não dá mais pra namorar escondido.
- Estás pedindo para que fujamos juntos?
- Ficou louca? Pra sermos perseguidos pelo resto da vida? Olha, não é nada contra você, mas não dá pra namorar com seu pai embaçando o tempo inteiro, entende?
- Então você está me largando?
- Você merece um cara melhor do que eu, alguém que seus pais aceitem.
- Mas é você que eu quero, ó, Romeu!
- E eu também preciso de alguém menos complicada. Lá nos contos de fadas têm umas princesas super gente fina...
- Contos de fadas?
- É, e lá também tem uns príncipes que enfrentam dragões e tudo mais.
- Príncipes?
- É! Então... estamos quites?
- Uma porra. PAIÊEEEEE!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Infame

Rosas são vermelhas
Violetas são azuis
Bigulinho
Bigulão
Sai de cima do telhado.

Simone

- Cara, é triste, mas a Simone se fudeu bastante.
- Foi? O que houve?
- No relacionamento aberto dela com o Sartre.
- Tadinha...
- Ah... ela ficou velha.
- As mulheres sempre se fodem nos relacionamentos abertos.
- Ele ficou mais famoso que ela.
- Frida também se fodeu, né.
- Ele começou a pegar várias...
- Bom, ela ficou mais famosa.
- Mas assim, eu li a biografia Sartre Simone. Mais da Simone que dele. Ela era muito mais foda que ele, né.
- Ela era mais foda que ele?
- Ele pra mim era um velho babão.
- Uhum. Foda...
- Muito mais.
- Homens sempre parecem velhos babões. Constatei muito disso transando com meus professores. Sempre decepcionantes.
- É... o Sartre era um figura bizarra. A Simone era sensacional. Vou levar o livro que tenho pra você.
- Tá!
- Ela era genial. Obviamente no amor não se dava muito bem. Mas também... quem precisa se dar bem no amor, né?
- Heehehehhe... sei lá.
- Bando de maricas escrotos.
- Eu sou uma romântica de merda. Eu cresci vendo filmes de mulherzinha, não consigo evitar.
- Eu também, eu também.
- Por mais que eu saiba que são um bando de babacas, eu sempre quero me apaixonar.
- Eu também, mas é justamente esse o ponto, se apaixonar. É saber que não vai durar. Zero.
- É.
- É aqui, agora, 6 meses, pronto.
- Exato.
- E isso me deprime também.
- 6 meses e pronto.
- Porque as pessoas dizem...
- Um amor lancinante.
- Ah, depois da paixão, vem o amor.
- Por 6 meses. Ah cara...
- E pra mim nunca veio o amor.
- Eu não sei viver sem paixão. Porque acaba a paixão e os defeitos daquela pessoa passam a me incomodar demais para uma convivência.
- Exato. Pra mim o mesmo. É uma merda, não dá pra viver sem paixão. Pelo menos até agora.
- Aí a questão de viver separado pra mim é só o fato de que os defeitos vão demorar um pouco mais pra aparecer, pra incomodar.
- Cara... esse revival que tive foi ótimo. Porque realmente, eu percebi como é bom morar em casas diferentes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Migalhas

Até masoquismo tem limites. Mas aqui é tudo mais cruel, mais explícito. O mundo moderno vive deixando migalhas para as nossas ilusões, masoquistas, persistentes. Me pergunto por que as pessoas são tão diferentes. Não compreendo os que não amam, os que não sofrem, os que não se apaixonam e desapaixonam na velocidade da luz, os que não são masoquistas como eu. Que se isolam atrás de uma casca e quando a luz bate diretamente nela, vislumbram apenas sombras e continuam impossibilitados de viver o presente, tendo em mente apenas pálidas ilusões do passado ou os sonhos do futuro.
Mas eu muitas vezes os invejo, pois mais cruéis são os sonhos que estão sempre tão perto e tão longe. Palpáveis, mas inatingíveis. Que te tocam, te beijam, mas não sonham contigo. Exceto nos teus sonhos, onde cada migalha representa uma esperança. Mas ao amanhecer os pássaros já passaram e perdes o caminho de volta e então, na procura de um abrigo, machucas os pés nas pedras e o rosto nos espinhos das árvores.
No fim dessa jornada retornas ao teu casulo, que não é tão duro quanto a casca dos outros, mas serve para vislumbrares também algumas sombras enquanto as chagas que acumulaste cicatrizam e te preparas para mais uma vez sair em busca de migalhas ao entardecer.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Classificados

Vendo ou troco coração por fígado ou pulmão. Interessados tratar com Dona Baratinha, que cansou-se da desilusão.

Untitled

It is still quite clear in my mind the times when I had near me the ones that were enough. I didn’t realize that after that year, my life would never be the same. Okay, trough our lifetime we have a lot of changes, but this was the biggest I had so far. School years were over and in a moment I saw myself living the same mediocre life of always, while there were no more childhood friends or even the ones to cherish my world.
Sad was the first literature class I had this year. The same teacher I had last year and in my eleven’s, entered the room and I felt completely nostalgic. He was the same, and it was enough to remind me that I had failed. Saturday night, here comes my remainder childhood friend. Let me guess: I’m the first one? Of course you were, you always are… Where’s the vodka? Take the ice and the glasses. Sure, let me put some music. She’s no longer here.
Oh holy night that brought them back for such a short time and reminded me that I can’t live so far away from them; oh profane world that made such an evil separation. Where will I find those happy days? Then the three late ones arrived. Hugs, kisses and strident little screams for the meeting time. So we came inside to listen to the same old soundtrack and have the same behaviour. And it hasn’t changed, after all – thank God.
I can’t remember if I considered myself a happy person in those days… We rarely do. But I was glad to know that I had with me irreplaceable friends. Unfortunately, it has become a problem – now that I really need to substitute them for people who live near me. She took her brother’s digital camera and it was such a party! We forgot everything and had fun, took pictures, danced – as usual – took pictures, talked, took pictures, drank, took pictures and meanwhile, I was looking for something nice to wear.
Fortunately I don’t do this anymore, but we have this bad habit of complaining about this city. If it isn’t because it’s small, it’s because of the weather or just because we have few places to go (and one more time I thank God for that). We make our parties, and one of my best was my eighteen year old party: we did everything we were used to, but with more food, more drinks and a little more people in the house, but they didn’t matter. At that time, two of them weren’t talking to each other, and for my happiness, they were the first ones to come. The bell rang and the two other ones came with their Happiness Kit. It surely wasn’t the most expensive present I’ve ever won, but it was one of those I most liked. In fact, I’m using a part of it right now.
Our last hope is technology. We still can talk to each other every week, see each other trough pictures, but that’s all. Another party, just in three months. I know it isn’t that long, but as long as I don’t find something to trick me here, every week will be too long. I don’t know what I’m going to do; all I know is that I have to study. To live there or here, I need to go to college and need to find my path again so that I can meet them again, no matter where or when.
The radio was on while I had been waiting for my drink and a pop music was playing. It reminded me of one of those days where we used to take pictures and drink and dance and talk and laugh while I was learning how to do a nice make-up.

Metalinguagem

O barulho das chaves me irritou por todo o caminho. Apressei o passo até o portão e as retirei da bolsa. A continuação é óbvia, abri o portão, ultrapassei o jardim, o quintal e abri a porta dos fundos. Entrei na casa escura, sem sentir a necessidade de acender as luzes; tateei um pouco até o caminho do sofá e nele joguei meu corpo. Fechei os olhos e ela veio até mim, meio confusa, cambaleante e insegura. Chamei-a pelos nomes errados e obtive resultados pouco confortantes. Resmunguei palavras de irritação e ela foi embora ainda mais discretamente que chegou.
À noite deitei-me em minha cama e no espaço de tempo entre a tentativa e o sonho pude sentir uma nova aproximação. Percebi sua preferência pela amiga escura, e tímida como ela. Suas ações já não eram tão discretas, e ainda que por um curto tempo e com resultados do mesmo tamanho, apelidei-os de satisfatórios (a verdade é que eu havia adorado).
Agora clamo pela presença dela, mas mostra-se tímida mais uma vez. Mais uma vez reclamo dos resultados insatisfatórios e esqueço que mesmo escondida ela ainda toca meus cabelos. Ouço lamentações sussurradas se afastando e sabendo que serei incapaz de continuar, deito o lápis. Aguardo ansiosa pela chegada da noite, para saber se mais uma vez ela virá ditar suas canções de ninar aos meus ouvidos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

BASEADO EM FATOS REAIS: Sinceridade

- Cara, eu acho que tô ficando cada dia mais burra...
- Eu também acho... Não! Eu também acho que eu estou ficando mais burra.
- Ah tá...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Rebimboca da Parafuseta

Uma mulher chega em seu carro na oficina.
- Boa tarde.
- Boa tarde - responde o mecânico, vindo na direção dela.
- O meu carro tá fazendo um barulho estranho, o senhor pode dar uma olhada?
- Claro - responde o mecânico abrindo o capô do carro.
Enquanto ele está olhando o motor um barulho enorme é ouvido. A mulher, que estava olhando para a rua, se vira de súbito e pergunta assustada:
- Nossa senhora, o que foi isso?
- Foi só a Rebimboca da Parafuseta.
- O quê?
- A Rebimboca da Parafuseta.
- Meu senhor, você tá me tirando por alguma idiota?
- Não senhora, por que isso?
- Não é porque eu sou mulher que você vai me enrolar não, tá? - ela fecha o capô bruscamente e entra no carro - Rebimboca da parafuseta, essa é boa! - e arranca para fora da oficina.
O mecânico a vê ir embora intrigado.
- Que mulher doida.
Então ele olha para baixo e diz:
- Tá vendo, Rebimboca? Me fez perder uma cliente!
Nesse instante uma cadelinha vira-lata se encolhe ao lado de um monte de calotas espalhadas no chão.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Indiana Thaïs

Cara, eu tô sonhando di-re-to com um danado de um templo escondido em uma casa enorme, que tem um dono malvado, laser e o caralho a quatro, aí quando eu chego no santuário tenho que escolher: ou fujo do lugar por um túmulo falso, ou sigo até o templo escondido pela passagem secreta que tem em um depósito, despensa, sei lá. Mas sabe o que é foda? Toda vez que a aventura termina eu sempre me dou conta de que deixei as minhas coisas na casa do vilão. O que será que isso quer dizer?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Figuras notáveis dos bares noite afora

  • A solteirona amazona: sai para caçar (geralmente em bando).
  • O boêmio fiel (ou bat-boêmio): comparece (quase) todos os dias, na mesma bat-hora, no mesmo bat-local.
  • O viajante cósmico: o tempo, o mundo, as pessoas, tudo é motivo para uma conversa existencialista.
  • O poeta punheteiro: tem sempre um versinho na ponta da língua para xavecar uma mulher moderninha.
  • O maconheiro solidário: sempre te chama pra fumar um.
Quais as figuras notáveis que você conhece?

O mistério da autofecundação humana

Acordei e fui no banheiro fazer xixi. Ao tirar a minha calcinha me deparei com uma coisa estranha: havia sangue nela. Isso pode parecer uma observação banal, mas eu já tinha menstruado esse mês e não tomei pílula do dia seguinte nem nada do tipo. Fiquei assustada e pensativa.
Resolvi assistir um pouco de televisão pra desopilar. Liguei e um plantão estava no ar. Uma repórter dizia que a mudança de clima tinha afetado o aparelho reprodutor de muitas mulheres no mundo, que afirmavam ter engravidado sem relações sexuais. Algumas em êxtase, certas de que era uma obra do Espírito Santo, outras confusas e desesperadas, sem saber o que fazer. A repórter disse que o governo brasileiro ia averiguar o caso para saber se essas poderiam realizar um aborto legal, já que se fosse confirmada a autofecundação, a taxa de natalidade no país poderia aumentar muito, chegando a níveis insustentáveis.
Desliguei a TV. Aquilo tudo era muito bizarro, mesmo para mim. De fato eu não tinha feixo sexo no último mês e aquele sangue era muito esquisito. Senti então uma cólica atordoante, corri até o banheiro e vomitei. Depois me sentei no vaso e mais sangue jorrou. Eu abortei da mesma forma que engravidei: do nada.
Me recompus: tomei um banho, escovei os dentes, coloquei uma roupa limpa e fiz um miojo para o almoço. Me acomodei na minha rede e liguei novamente a TV. O plantão ainda estava lá. A repórter parecia assustada. Dizia que as mulheres que estavam grávidas pela autofecundação começaram a abortar espontaneamente uma a uma. Estudiosos de diversas áreas de conhecimento estavam ao seu lado. Um psicólogo dizia que se tratava de um delírio coletivo de mulheres estéreis histéricas. Um ufólogo afirmava que os extraterrestres tinham realizado uma experiência com fins de pesquisar uma possível reprodução da espécie em caso de invasão e os biólogos continuavam afirmando que era a mudança diária do clima que havia feito os óvulos se subdividirem mesmo sem ter sido fecundados. Defendidas as teorias, a repórter, ainda confusa e assustada (provavelmente com medo de se autofecundar também), se despede, prometendo trazer novas informações.
Aquele dia estava todo muito louco. Resolvi voltar para a cama na esperança de ter outro sonho erótico.

domingo, 24 de maio de 2009

Cartilha do sexo

- Amiga, eu preciso fazer sexo.
- Namora o meu irmão.
- Não, obrigada. Acho que vou criar uma cartilha. "Passo a passo para transar comigo".
- Hahahahahaha
- Número um: leia. Mas leia muito. E não vale ler Paulo Coelho ou Dan Brown. Leia beatniks, russos, japoneses. De preferência coisas que eu nao tenha lido, para que você possa me trazer algo novo. Número dois: é obrigatório gostar de cinema. Se for cineasta melhor ainda, cinco estrelinhas. Mas não vale ser metido, não suporto gente que baba o próprio ovo. Número três: tem que gostar de música boa. Jazz, bossa nova, blues e por aí vai. Mas tem que ter uma tendência pras coisas antigas, porque eu sou uma mulher do século passado. Número quatro: tem que gostar de crianças e animais. Necessariamente nessa ordem. Número cinco: bom humor é indispensável. Não aguento homem moribundo. Hum, o que mais? Só cinco é pouco, não sou tão fácil assim, heuehuheuheuh.
- Heiehiehiehie. Menina. Assim você não vai fazer sexo nunca.
- Auhuahuahuahuahuhauhauhauhuahuahuaha.
- Ó, minhas regras pra fazer sexo.
- Diga mermo.
- Tem que ter pau bonito.
- Hauhuahauhauhuaha.
- Saber dedar. Usar camisinha. Chupar bem e com vontade. E ter todos os dentes. Ehiehiehieheihie. Aí já tá bom demais. Eheiheiheihei.
- É mesmo, esqueci de mencionar que tem que usar camisinha!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Minha namorada

Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.

Vinicius de Moraes e Carlos Lyra


Eita que esses românticos dão um trabalho danado...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Réquiem

Hoje eu sinto a necessidade de prestar uma homenagem aos mortos. Muita coisa aconteceu nesses últimos tempos, algumas secretas, divido apenas com os mais próximos, outras não são segredo nenhum, estão aí, visíveis, para quem quiser saber. O fato é que a morte mostrou-se excessivamente ameaçadora e presente este ano. Dessa maneira ela me obriga a pensar "pra que tudo isso"? Por que me preocupar com tantos problemas pequenos? Mas agora penso que eles são necessários para que os grandes problemas não me engulam.
Camila, Igor... Eu não tinha proximidade com nenhum dos dois. Mas de repente achei tudo tão frágil ao meu redor. E me entristeci com a ausência deles na vida de todos que os queriam bem. Lembrei-me então do meu irmão. O primeiro contato que tive com a morte. Eu o olhava no caixão, intrigada, me perguntando por que os mortos tinham as sobrancelhas raspadas. Só anos mais tarde me dei conta que isso não era uma prática rotineira, mas necessária no caso dele, porque as suas tinham sido queimadas na explosão.
Sem contar das vezes que eu, criança, me debulhei em lágrimas ao perder cachorrinhos, gatinhos, pintinhos e depois, já não tão criança, a minha porquinha-da-índia.
Uma vez me perguntei se as pessoas sentiriam a minha falta quando eu morresse. Uma bobagem, descobri que sentiriam.
Existe também a morte dos idosos, tão triste quanto a dos jovens, porque a cada aniversário eles a sentem cada vez mais próxima. O pai da minha mãe, já no final da sua vida, sempre que me via, chorava. Tão terno. Dizia com frequência que era a última vez que me via, o último aniversário, o último dia dos pais... A gente tende a banalizar esses presságios, mas de fato, chega um momento em que eles se mostram reais.
Esse ano tive conhecimento de uma morte diferente. Morte, ainda assim. Ela transformou muita coisa dentro de mim e mais ainda ao meu redor. Ela tem mesmo esse poder de modificar tudo. De fazer a gente pensar na vida. Já que afinal, me perdoem a falta de originalidade, a única certeza da vida é a morte.

sábado, 16 de maio de 2009

Abro os olhos

Impossível fugir a essa dura realidade
Ne
ste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

(O dia da criação, Vinicius de Moraes)



Abro os olhos. A enxaqueca passou. Ainda bem. Esse remédio é mesmo muito bom. Demoro ainda uma meia hora para criar coragem e me levantar da cama. Tenho medo que ela apareça novamente.

Levanto-me e vou até o espelho. Decrépita, como já era esperado. Pego o pote com algodão e o demaquilante para tirar a maquiagem preta dos olhos. Um pouco mais apresentável, apesar dos cabelos indomáveis.

Meu estômago se revira, mas não tenho vontade de comer. Na geladeira tenho umas goiabas do tamanho de um mamão. Pego uma dessas, passo uma água e a mordo. Vou para o computador. Ainda é cedo, ele não deve estar lá. Aliás, já fazem alguns dias que não o vejo. No fim das contas não faz diferença, a gente quase não se fala mesmo.

Saio do computador, estou com vontade de assistir um filme. Meu DVD não pega. Droga, só fazem três meses que o comprei, será que essa porcaria já quebrou? Bom era no tempo da minha avó, que as coisas duravam uma vida inteira. Meu toca-discos era dela. Mas fazer o quê, no tempo da minha avó não tinha DVD...

Assisto a outro filme, um que estava no meu mp4. Pelo menos o USB do DVD ainda funcionava. Esse filme não tinha legenda, mas até que consegui entender boa parte do que diziam. Terminado o filme meu estado de espírito se manteve o mesmo. Voltei para o computador, mas ele ainda não estava lá. Será que viajou?

Fui para a sala ler um pouco, mas a fome bateu violenta. Com preguiça de viver, engatinhei até a cozinha, mas antes de chegar à geladeira deitei-me no chão, frio. Lembrei novamente dele e fiquei excitada. Apesar de estar menstruada, me masturbei pensando nele. Mas lembrei-me dos vizinhos, olhei pela janela da cozinha e constatei que ninguém me observava. Senti-me patética. Deitada no chão da cozinha, quis chorar, mas não consegui.

Que boba. Não aprendeu nada em todos esses anos? Você nem ama esse homem. E mesmo se amasse, até isso passaria um dia. O problema é que você ama a ideia dele. A ideia de amar, sendo correspondida ou não. Pois bem, vou te dizer uma coisa: você não é mais nenhuma adolescente. Por mais que queira ser, o tempo só avança.

O tempo só avança. Sinto-me na obrigação de não ficar mais parada. É sempre assim. E provavelmente vai ser até o final da minha vida. Afinal, é assim mesmo que eu sou. Melhor começar a fazer o meu almoço.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

BASEADO EM FATOS REAIS: Foi engano

Chego na porta de casa e o telefone toca. Abro a porta, apressada, a chave prende, agonia maior do mundo, entro e atendo.
- Alô?
- Bom dia, é do Banco do Brasil?
- Não.
- O telefone é 3341-4841?
- Não.
- Ah, tá bom, desculpe.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"You are stardust"

Eu sempre penso no conceito de alma gêmea. Aliás, a alma em si me intriga. Um dos motivos pelos quais a "bilogia" "Antes do amanhecer" e "Antes do pôr-do-sol" me fascina é que eles têm basicamente as mesmas impressões do assunto que eu. Mas não vou fazê-lo assistir aos filmes para descobrir quais são (apesar de achar que deveria).
Em primeiro lugar, se a alma é imortal, então as almas de todas as pessoas que já morreram, vivem ou ainda vão nascer já existem em algum lugar do universo, certo? Digamos que não, que na verdade o que existe é a reencarnação. Eu morrerei e outra pessoa "herdará" a minha alma. Mas se hoje em dia existem muito mais pessoas no planeta do que existiam há 2000 anos, de onde vieram todas essas almas? Estariam estocadas? Ou será que as almas atuais são fragmentos das almas dos nossos antepassados? Isso poderia ser uma explicação para o fato de não existirem outros Da Vincis perambulando por aí...
Se for assim então a minha alma gêmea está fragmentada em diversos pedacinhos, assim como a minha própria. Menos cruel. Mas se ela for única, morar no Afeganistão e tiver 68 anos? Eu devo então me conformar em viver eternamente como uma cuia, sem tampa? Cruel, não é mesmo? Falo de almas gêmeas porque sou uma eterna romântica, mas acreditar mesmo, eu acredito no amor de Vinícius. "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".