terça-feira, 29 de dezembro de 2009

BASEADO EM FATOS REAIS: Cartão

- Investe nos teus dotes de maquiagem e arranja uns bicos pra juntar a grana pra nossa viagem a Paris!
- Mas dá pra a gente juntar, pô. Dois anos é muito. Ainda mais dois anos e meio, por aí... todo mundo quando chegar perto fica sensibilizado e faz doações.
- Mas tem que ver que passagem é caro pô. E outra, se a gente juntar uma grana legal dá pra de repente ficar uns dois meses. Ou comprar muitas roupas lindas.
- Mas a passagem é no cartão, pô.
- E cartão num gasta dinheiro não, é? É dinheiro mágico?
- Gasta.
- Então.
- Mas no cartão ALHEIO.

domingo, 22 de novembro de 2009

O Super Presidente

Os anos 2000 são dos presidentes super-heróis. Onde não basta ganhar as eleições e governar bem, os eleitores, e até os que não são eleitores do local em questão, esperam que seja feita uma revolução imediata. Mas os resultados das revoluções, apesar de imediatos, nem sempre se mostram duradouros, efetivos, ou bons a longo prazo.
Nem sei por que estou falando dessas coisas aqui, eu nem me meto em política. Aliás, sei. Acabei de assistir a dois documentários: "Entreatos" e "Lula, para além da esperança", ambos sobre o presidente do Brasil, e principalmente no segundo nota-se uma esperança de que ele seja o salvador da pátria, aquele que vai acabar com todas as mazelas do país em quatro anos. Alguma semelhança com eleições mais recentes?
A esperança deve sim ser mantida, mas não é Lula e não é Obama que vai salvar o mundo de todos os seus problemas. O super-homem não existe, é necessário que nós, homens comuns, nos conscientizemos das nossas responsabilidades perante o futuro do planeta ao invés de passarmos a batata quente, infinitamente, de um governante para outro, seja ele um revolucionário ou um político.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

SMS

MENSAGEM 1:
Tô de frente a um cara IGUAL a tu aqui na UFCG!

MENSAGEM 2:
É imitação barata de campinense. E todo gordo de barba e óculos é igual a mim. Hunft.

MENSAGEM 3:
Sério, pô, até o cabelo é igual!

MENSAGEM 4:
Eu o meu eu bizarro, que nem em Laboratório Submarino. Cuidado para não achar a Thaïs bizarra por aí.
Silas falou que viu na UFPB igual a você. A você bizarra tá em João Pessoa!

MENSAGEM 5:
Meu deus, nos clonaram!

MENSAGEM 6:
<o>

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Dinheiro

- Cara, tá foda. Não aguento mais usar mouse. Preciso de uma tablet.
- Kkkk.
- Meu braço tá doendo pra caralho. Só editei uma imagem hoje mas ele já tá doendo.
- Pior que me incomoda um pouco usar tablet.
- Por que?
- É que eu fico com a mão sobre meu dedinho, aí fica doendo o dedinho...
- Ah. Melhor do que doer o braço inteiro, né. E ter uma LER. Humpf.
- É que eu já convivo com a minha ler desde meu 1º estágio. Eu utrapassei as barreiras da dor, ahuuhahua. Uma tablet boa da Wacon tá uns 250 reais...
- Tenho isso não, nego. Eu num tenho 7 conto pra me depilar ali na esquina. Tô parecendo a monga, já tô até com vergonha de fazer sexo.
- Pior sou eu que tô catando moeda pela casa pra ir de ônibus pra faculdade e tirar xerox.
- Eu gastei meus últimos 10 reais ontem pra botar dinheiro no cartão de passe e hoje tirei meus últimos 5 reais do banco.
- Tá foda, aqui em casa todo mundo tá super liso.
- Já gastei 2 lanchando na universidade.
- Só quando sair a pensão próximo mês agora. Tava com uma grana mas foi toda pra pagar conta de telefone... Vou agora jogar Ninja Gaiden, tô a dois dias preso na porra do desafio, é muito difícil... Mas tenho que passar dessa merda, é questão de honra. Xero!
- Ahuehuahuehauhe, vá lá!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Linha do tiro

SKETCH 1 – LINHA DO TIRO

PERSONAGENS: Senhora

Assaltante 1

Assaltante 2

Assaltante 3

Uma senhora está no caminho pro ponto de ônibus e encontra um assaltante.

ASSALTANTE 1: Se si buli morre.

SENHORA: Hã?

ASSALTANTE 1: Si si buli morre.

SENHORA: Como é?

ASSALTANTE 1 (irritado): Se se bulir morre!

SENHORA: Aaaah...

A senhora fica olhando pra cara do assaltante, assustada, após ter entendido finalmente o que ele dizia.

SENHORA: O que você quer?

ASSALTANTE 1: A senhora tem um real?

SENHORA: Meu filho, eu só tenho um passe aqui...

ASSALTANTE 1: Num tem um vale não?

SENHORA: Não, eu tenho carteirinha de estudante, só compro passe.

O assaltante pega o passe da mão da senhora, que a havia estendido para ele, olha por algum tempo e devolve.

ASSALTANTE 1: Obrigado.

Ela continua o seu caminho, calmamente até o ponto de ônibus, sem se dar conta do que havia realmente acontecido. Ela chega ao ponto e pouco tempo depois aparecem dois “malas” vindo na sua direção. O menor dos dois já vinha de longe com a mão na cintura, insinuando que estava armado. A senhora olha para eles, não esboçando reação alguma. Quando o assaltante que estava armado chega mais perto dela, o outro se afasta, olhando a situação de longe. Antes que o primeiro dissesse qualquer coisa, ela fala:

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?

ASSALTANTE 2: Não, porra!

SENHORA: O senhor é Hare Krishna, não é?

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?

ASSALTANTE 2: Não!

SENHORA: É cego?

ASSALTANTE 2: Cego?

SENHORA: Ta com uma ferida e quer comprar remédio?

ASSALTANTE 2: Chega, caralho!

SENHORA: O quê?

ASSALTANTE 2: Isto é um assalto, não ta vendo?

SENHORA: Onde?

ASSALTANTE 2: Aqui, no ponto de ônibus.

SENHORA: E por que você não faz alguma coisa?

ASSALTANTE 2: Eu?

SENHORA: Chama a polícia?

ASSALTANTE 2: Essa velha é doida! (FALA PRO ASSALTANTE QUE ESTÁ DO OUTRO LADO DA RUA, RACHANDO O BICO)

SENHORA: Quem é doida?

ASSALTANTE 2: Chapadona! Passa logo a bolsa.

SENHORA: Não falei?

ASSALTANTE 2: O dinheiro, minha senhora.

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?

ASSALTANTE 2: Não, porra!

SENHORA: O senhor é Hare Krishna, não é?

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?

ASSALTANTE 2: Não!

SENHORA: É cego?

ASSALTANTE 2: Cego?

SENHORA: Ta com uma ferida e quer comprar remédio?

ASSALTANTE 2: Chega, caralho!

SENHORA: O quê?

ASSALTANTE 2: Isto é um assalto, não ta vendo?

SENHORA: Onde?

ASSALTANTE 2: Aqui, no ponto de ônibus.

SENHORA: E por que você não faz alguma coisa?

ASSALTANTE 2: Eu?

SENHORA: Chama a polícia?

ASSALTANTE 2: Essa velha é doida! (FALA PRO ASSALTANTE QUE ESTÁ DO OUTRO LADO DA RUA, RACHANDO O BICO AO QUADRADO)

SENHORA: Quem é doida?

ASSALTANTE 2: Chapadona! Passa logo a bolsa.

SENHORA: Não falei?

ASSALTANTE 2: O dinheiro, minha senhora.

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?

ASSALTANTE 2: Não, porra!

SENHORA: O senhor é Hare Krishna, não é?

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Da Igreja Amanhecer em Cristo, essas coisas?

ASSALTANTE 2: Não!

SENHORA: É cego?

ASSALTANTE 2: Cego?

SENHORA: Ta com uma ferida e quer comprar remédio?

ASSALTANTE 2: Chega, caralho!

SENHORA: O quê?

ASSALTANTE 2: Isto é um assalto, não ta vendo?

SENHORA: Onde?

ASSALTANTE 2: Aqui, no ponto de ônibus.

SENHORA: E por que você não faz alguma coisa?

ASSALTANTE 2: Eu?

SENHORA: Chama a polícia?

ASSALTANTE 2: Essa velha é doida! (FALA PRO ASSALTANTE QUE ESTÁ DO OUTRO LADO DA RUA, RACHANDO O BICO AO CUBO)

SENHORA: Quem é doida?

ASSALTANTE 2: Chapadona! Passa logo a bolsa.

SENHORA: Não falei?

ASSALTANTE 2: O dinheiro, minha senhora.

SENHORA: Não quero.

ASSALTANTE 2: Hã?

SENHORA: Já disse que não quero.

ASSALTANTE 2: O quê?

SENHORA: Chocolate.

ASSALTANTE 2: Chocolate?

SENHORA: Você quer me vender chocolate, não é?

ASSALTANTE 2: Que chocolate, minha senhora?!!

SENHORA: Bala-chiclete?


Texto baseado em fatos reais e no conto homônimo de Marcelino Freire.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Declaração (de desamor) a um canalha

Monstro de duas cabeças, múltiplas personalidades. Tal qual a hidra, corta-se uma e encontra logo outra para substituí-la. Narciso deturpado, que esconde seu egocentrismo por trás da máscara da baixa auto-estima. Vil manipulador que por intermédio da arte aproveita-se dos seus dotes – talvez os únicos que possua – para alcançar seus propósitos impróprios. Besta fera enganadora que conquista a tal ponto que mesmo te odiando é impossível não te querer bem. Presença contaminadora da qual é impossível desfazer-se sem muito esforço, mas que se desfaz. E quando vai embora o amor e vai embora o ódio, resta apenas o nada.

sábado, 19 de setembro de 2009

Epifania

Ela terminou de assistir a um filme e sentiu a necessidade de dançar. Colocou uma sonata de violoncelo e começou a correr e girar pela casa. Correu por todos os cômodos, sentindo-se louca, ou agindo como uma. Correndo e dançando desfez-se do vestido. Jogou-o longe. Continuou correndo pela casa, girando e pulando cada vez mais rápido, cada vez mais longe. Tirou também a calcinha e jogou no quarto. Continuou correndo pela casa, sem saber o que queria com aquilo. Talvez desfazer-se de toda a energia que possuía acumulada dentro de si. Parou no meio da sala e girou continuamente até ficar tonta. Depois girou para o lado contrário e ficou tonta mais uma vez. Parou de girar. Parou de correr. Jogou-se no sofá para recobrar a respiração. Agarrou-se no edredom e respirou fundo, até ter condições de se levantar novamente. Levantou-se, ainda agarrada no edredom, apanhou o vestido largado no chão, e largou os dois em cima da cama. Apanhou a calcinha jogada no quarto e levou até o banheiro. Tirou o sutiã e largou no chão. Foi para debaixo do chuveiro. Ligou-o e desfez-se de toda a adrenalina que havia conseguido. Sua epifania acabara.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Auspicioso

Me pergunto se existe algum estudo antropológico realizado nas filas dos sanitários. Lá acontece uma interação social que você não encontra em nenhum outro lugar. Até eu fico simpática em fila de banheiro.
Que as novelas exercem grande influência na vida dos brasileiros não é nenhuma novidade, eu mesma já cansei de ouvir pessoas ao meu redor falando "tic" ou "rarebaba" e afins. Mas quando alguém te diz na fila do banheiro onde há um submarino entalado na privada que ninguém está entrando lá porque ele não está muito "auspicioso", sinto que esse fato merece ser mencionado.

domingo, 6 de setembro de 2009

Acho que preciso me apaixonar

Se a luz do sol
Já não é suficiente pra me acordar
Acho que preciso me apaixonar
Se o cantar dos pássaros de manhã
Só serve para me irritar
Acho que preciso me apaixonar
Se nenhuma música
É capaz de me relaxar
Acho que preciso me apaixonar

Mas se olho para os lados
E meu coração não encontra
Alguém para se entregar
Eu entrego a minha boca
Eu entrego os meus braços
Eu entrego o meu corpo
Sem nunca me apaixonar

Quando o tédio nas conversas
Paira no ar
Sinto que preciso me apaixonar
Quando a lua cheia
É só uma bola no ar
Sinto que preciso me apaixonar
Se até meus amores
Só conseguem me irritar
Sinto que preciso me apaixonar

O mundo está cheio
De homens e mulheres
Com os braços estendidos
Com os lábios entreabertos
Com o corpo estremecido
Mas não encontro
Em nenhum deles
O coração
Para me apaixonar

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Voltei

Às vezes tenho vontade de permanecer incógnita. Até encontrei um lugar para isso, mas não é como aqui. Aqui me sinto à vontade, em casa. Em uma casa só minha, onde ninguém me julga. O que não chega a ser verdade, já que há muitos juízes na minha casa. Muitos nem mesmo compreendem o que digo. Aliás, a maioria não compreende. Sejam juízes ou platéia. Mas é um risco que se corre. Nenhuma paixão está imune, nem mesmo à literatura. Infelizmente, não posso ignorar os meus juízes, mas resolvi não mais me curvar diante deles. Mais uma vez dou a minha cara a tapa. Não tenho porque me esconder. Não fiz nada errado. A hipocrisia não vai me vencer. Minha literatura não é criminosa. Por isso me liberto. Só assim posso me compreender melhor. Só escrevendo sobre mim que consigo me reconhecer. E escrever sobre mim não é fazer um diário, é externar todos os personagens que existem no meu peito, na minha mente, nos meus olhos. O oposto da vida é a morte e não cabe a mim assassiná-los. Todos fazem parte de mim e ao pari-los volto a me sentir viva.

domingo, 16 de agosto de 2009

Suzane

Suzane era uma mulher que não gostava de homens. Não apenas sexualmente, ela literalmente desprezava todos os “exemplares” do sexo masculino. Até mesmo os não tão masculinos. Talvez por decorrência de algum trauma na infância do qual ela não se recordava de maneira alguma. Talvez ela se sentisse injustiçada em uma sociedade patriarcal, ainda com tantos estigmas do machismo.
O fato era que ela, desde que se recorda, sempre evitou ter homens ao seu redor. Estudou em escolas só para garotas, na universidade procurou fazer um curso onde a maioria dos estudantes fosse feminina. E dessa maneira foi seguindo adiante com a sua vida e nunca sentiu que isso fosse um problema até que ela se deparou com um sentimento inédito: a necessidade de se tornar mãe.
Mas não bastava adotar uma criança. Ela precisava senti-la crescendo em seu ventre, se alimentando junto com ela, nessa simbiose perfeita que é a gravidez. Mas a ideia do ato sexual com um homem a enojava, de maneira que mesmo uma inseminação artificial parecia-lhe algo repugnante.
Suzane resolveu ceder, pois o amor que sentia pelo seu filho já superava a sua aversão a tudo relativo ao cromossomo Y. De maneira que quando o seu filho nasceu, ela olhou pela primeira vez com ternura para um ser do sexo masculino.

sábado, 11 de julho de 2009

Player man

If you don’t love me
Why keep you playin’ with my heart?
I would give you the sun and stars
Though I know you won’t accept
‘Cause you don’t want my love
But you don’t let me go away
Make me smile everyday
That’s why I’m filled with hope

All my friends tell me to give up
But they know you would be
The right man for me
If you just let me love you
Oh my player man
Every night is sad without you
My cold feet don’t let me forget
That the man I love won’t love me back

If I just knew when I first met you
That you would make my heart beat so strong
I would have hugged you so you’d never
Ever ever go away
Oh my player man

That’s just how much I love you
Write a letter everyday
And burn it right away
‘Cause just as Billie I can’t admit
How hard will my heart beat
When you call my name

And in the empty crowd
I keep foolin’ myself
Pretending not to care
Pretendind to forget
A player man that makes me dream
Of a life I cannot live
A life where you would love me
And let me hug and kiss you
Even under the fiery sun

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mentolado

- Caralho. Eu pedi dois pacotes de camisinha pra completar dez reais na farmácia e o cara me manda Blowtex de MENTA! Puta merda.
- Puta. Que bosta mesmo.
- Foda.
- Arde.
- Só porque eu pedi spray pra garganta. Ele deve ter pensado que caso eu fosse fazer um boquete faria bem pra garganta também.
- Uma vez meu namorado botou. No começo era agradável, mas aí começou a arder e só parou de arder no outro dia.
- Que merda. E comprei logo dois pacotes porque a farmacia só entregava se completasse dez reais.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Gripe suína

PeggyDay diz:
aaaahm
ehehehhe
e eu ia te dizer algo e esqueci
merda
aaah
to com medo da gripe suina
o pior eh q parece q vai fechar td
e eu tenho q levar o ban no veterinario

"Violets are blue" diz:
afe ;P

PeggyDay diz:
na sua opiniao o veterinario vai ta aberto?

"Violets are blue" diz:
nao faço a menor ideia
se vai fechar tudo é de se supor que o veterinario tb
no maximo ficarao abertos so os hospitais
ninguem pensa nos animaizinhos ;~~

PeggyDay diz:
=((((
pois eh
por isso q o porco ficou gripado
humpf

"Violets are blue" diz:
huhuhuehuehuhuehue
cara
isso vai pro meu twitter, ehueuhuh
aliás
nao
tem que ir pro blog

PeggyDay diz:
heiehiehiehie
total!

"Violets are blue" diz:
heuuehuehuehuheuhuhuhe

sábado, 20 de junho de 2009

Mais uma dos contos de fadas desvirtuados

Sexta-feira pela manhã caminho em direção à universidade, carregada com duas bolsas, três bandejas e duas garrafas cheias de químicos em uma mão e um misto quente na outra. De repente vejo no horizonte o príncipe encantado a galopar em minha direção. "Não há de ser nada, apenas um transeunte matinal". Mas ele me aborda e pergunta se eu tenho um real. Respondo que não - e era verdade, talvez 0,50, no máximo! - e ele me pede para entregar-lhe a minha bolsa, não por cavalheirismo, mas por marginalismo, mesmo.
A minha bolsa com minha câmera? Ou a minha bolsa com minha carteira, pinças para utilizar na aula, agenda, mp4, óculos, enfim, minha vida? Ele acrescenta que não devo correr e penso "hum, boa idéia, ops, ideia, que agora não tem mais acento - ah essa reforma ortográfica...". Grito "dou não!" e corro então de volta para casa, mas o cavalo era mais rápido que a pata choca carregada aqui. Dou meia-volta e ponho-me a correr na direção oposta. Alguns metros depois constato que ele não está mais no meu encalço e paro de correr. Engolindo o coração de volta, chego à triste conclusão de que não se fazem mais contos de fadas como antigamente.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Desvirtuando Shakespeare

para Samuel

- Oh, Romeu, onde estás que não me atendes?
- Estou aqui embaixo, bela Julieta!
- Romeu, amor meu, como queria que estivesses aqui ao meu lado nesse instante, mas demoraste muito, não tarda a hora da cotovia cantar.
- Então joga logo as tuas tranças!
- Tranças, Romeu?
- Sim, antes que os sete anões voltem e tu adormeças novamente.
- Ô Romeu, você tá me confundindo com outra?
- Julieta, preciso bater a real contigo. Gosto muito de você, mas não dá mais pra namorar escondido.
- Estás pedindo para que fujamos juntos?
- Ficou louca? Pra sermos perseguidos pelo resto da vida? Olha, não é nada contra você, mas não dá pra namorar com seu pai embaçando o tempo inteiro, entende?
- Então você está me largando?
- Você merece um cara melhor do que eu, alguém que seus pais aceitem.
- Mas é você que eu quero, ó, Romeu!
- E eu também preciso de alguém menos complicada. Lá nos contos de fadas têm umas princesas super gente fina...
- Contos de fadas?
- É, e lá também tem uns príncipes que enfrentam dragões e tudo mais.
- Príncipes?
- É! Então... estamos quites?
- Uma porra. PAIÊEEEEE!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Infame

Rosas são vermelhas
Violetas são azuis
Bigulinho
Bigulão
Sai de cima do telhado.

Simone

- Cara, é triste, mas a Simone se fudeu bastante.
- Foi? O que houve?
- No relacionamento aberto dela com o Sartre.
- Tadinha...
- Ah... ela ficou velha.
- As mulheres sempre se fodem nos relacionamentos abertos.
- Ele ficou mais famoso que ela.
- Frida também se fodeu, né.
- Ele começou a pegar várias...
- Bom, ela ficou mais famosa.
- Mas assim, eu li a biografia Sartre Simone. Mais da Simone que dele. Ela era muito mais foda que ele, né.
- Ela era mais foda que ele?
- Ele pra mim era um velho babão.
- Uhum. Foda...
- Muito mais.
- Homens sempre parecem velhos babões. Constatei muito disso transando com meus professores. Sempre decepcionantes.
- É... o Sartre era um figura bizarra. A Simone era sensacional. Vou levar o livro que tenho pra você.
- Tá!
- Ela era genial. Obviamente no amor não se dava muito bem. Mas também... quem precisa se dar bem no amor, né?
- Heehehehhe... sei lá.
- Bando de maricas escrotos.
- Eu sou uma romântica de merda. Eu cresci vendo filmes de mulherzinha, não consigo evitar.
- Eu também, eu também.
- Por mais que eu saiba que são um bando de babacas, eu sempre quero me apaixonar.
- Eu também, mas é justamente esse o ponto, se apaixonar. É saber que não vai durar. Zero.
- É.
- É aqui, agora, 6 meses, pronto.
- Exato.
- E isso me deprime também.
- 6 meses e pronto.
- Porque as pessoas dizem...
- Um amor lancinante.
- Ah, depois da paixão, vem o amor.
- Por 6 meses. Ah cara...
- E pra mim nunca veio o amor.
- Eu não sei viver sem paixão. Porque acaba a paixão e os defeitos daquela pessoa passam a me incomodar demais para uma convivência.
- Exato. Pra mim o mesmo. É uma merda, não dá pra viver sem paixão. Pelo menos até agora.
- Aí a questão de viver separado pra mim é só o fato de que os defeitos vão demorar um pouco mais pra aparecer, pra incomodar.
- Cara... esse revival que tive foi ótimo. Porque realmente, eu percebi como é bom morar em casas diferentes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Migalhas

Até masoquismo tem limites. Mas aqui é tudo mais cruel, mais explícito. O mundo moderno vive deixando migalhas para as nossas ilusões, masoquistas, persistentes. Me pergunto por que as pessoas são tão diferentes. Não compreendo os que não amam, os que não sofrem, os que não se apaixonam e desapaixonam na velocidade da luz, os que não são masoquistas como eu. Que se isolam atrás de uma casca e quando a luz bate diretamente nela, vislumbram apenas sombras e continuam impossibilitados de viver o presente, tendo em mente apenas pálidas ilusões do passado ou os sonhos do futuro.
Mas eu muitas vezes os invejo, pois mais cruéis são os sonhos que estão sempre tão perto e tão longe. Palpáveis, mas inatingíveis. Que te tocam, te beijam, mas não sonham contigo. Exceto nos teus sonhos, onde cada migalha representa uma esperança. Mas ao amanhecer os pássaros já passaram e perdes o caminho de volta e então, na procura de um abrigo, machucas os pés nas pedras e o rosto nos espinhos das árvores.
No fim dessa jornada retornas ao teu casulo, que não é tão duro quanto a casca dos outros, mas serve para vislumbrares também algumas sombras enquanto as chagas que acumulaste cicatrizam e te preparas para mais uma vez sair em busca de migalhas ao entardecer.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Classificados

Vendo ou troco coração por fígado ou pulmão. Interessados tratar com Dona Baratinha, que cansou-se da desilusão.

Untitled

It is still quite clear in my mind the times when I had near me the ones that were enough. I didn’t realize that after that year, my life would never be the same. Okay, trough our lifetime we have a lot of changes, but this was the biggest I had so far. School years were over and in a moment I saw myself living the same mediocre life of always, while there were no more childhood friends or even the ones to cherish my world.
Sad was the first literature class I had this year. The same teacher I had last year and in my eleven’s, entered the room and I felt completely nostalgic. He was the same, and it was enough to remind me that I had failed. Saturday night, here comes my remainder childhood friend. Let me guess: I’m the first one? Of course you were, you always are… Where’s the vodka? Take the ice and the glasses. Sure, let me put some music. She’s no longer here.
Oh holy night that brought them back for such a short time and reminded me that I can’t live so far away from them; oh profane world that made such an evil separation. Where will I find those happy days? Then the three late ones arrived. Hugs, kisses and strident little screams for the meeting time. So we came inside to listen to the same old soundtrack and have the same behaviour. And it hasn’t changed, after all – thank God.
I can’t remember if I considered myself a happy person in those days… We rarely do. But I was glad to know that I had with me irreplaceable friends. Unfortunately, it has become a problem – now that I really need to substitute them for people who live near me. She took her brother’s digital camera and it was such a party! We forgot everything and had fun, took pictures, danced – as usual – took pictures, talked, took pictures, drank, took pictures and meanwhile, I was looking for something nice to wear.
Fortunately I don’t do this anymore, but we have this bad habit of complaining about this city. If it isn’t because it’s small, it’s because of the weather or just because we have few places to go (and one more time I thank God for that). We make our parties, and one of my best was my eighteen year old party: we did everything we were used to, but with more food, more drinks and a little more people in the house, but they didn’t matter. At that time, two of them weren’t talking to each other, and for my happiness, they were the first ones to come. The bell rang and the two other ones came with their Happiness Kit. It surely wasn’t the most expensive present I’ve ever won, but it was one of those I most liked. In fact, I’m using a part of it right now.
Our last hope is technology. We still can talk to each other every week, see each other trough pictures, but that’s all. Another party, just in three months. I know it isn’t that long, but as long as I don’t find something to trick me here, every week will be too long. I don’t know what I’m going to do; all I know is that I have to study. To live there or here, I need to go to college and need to find my path again so that I can meet them again, no matter where or when.
The radio was on while I had been waiting for my drink and a pop music was playing. It reminded me of one of those days where we used to take pictures and drink and dance and talk and laugh while I was learning how to do a nice make-up.

Metalinguagem

O barulho das chaves me irritou por todo o caminho. Apressei o passo até o portão e as retirei da bolsa. A continuação é óbvia, abri o portão, ultrapassei o jardim, o quintal e abri a porta dos fundos. Entrei na casa escura, sem sentir a necessidade de acender as luzes; tateei um pouco até o caminho do sofá e nele joguei meu corpo. Fechei os olhos e ela veio até mim, meio confusa, cambaleante e insegura. Chamei-a pelos nomes errados e obtive resultados pouco confortantes. Resmunguei palavras de irritação e ela foi embora ainda mais discretamente que chegou.
À noite deitei-me em minha cama e no espaço de tempo entre a tentativa e o sonho pude sentir uma nova aproximação. Percebi sua preferência pela amiga escura, e tímida como ela. Suas ações já não eram tão discretas, e ainda que por um curto tempo e com resultados do mesmo tamanho, apelidei-os de satisfatórios (a verdade é que eu havia adorado).
Agora clamo pela presença dela, mas mostra-se tímida mais uma vez. Mais uma vez reclamo dos resultados insatisfatórios e esqueço que mesmo escondida ela ainda toca meus cabelos. Ouço lamentações sussurradas se afastando e sabendo que serei incapaz de continuar, deito o lápis. Aguardo ansiosa pela chegada da noite, para saber se mais uma vez ela virá ditar suas canções de ninar aos meus ouvidos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

BASEADO EM FATOS REAIS: Sinceridade

- Cara, eu acho que tô ficando cada dia mais burra...
- Eu também acho... Não! Eu também acho que eu estou ficando mais burra.
- Ah tá...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Rebimboca da Parafuseta

Uma mulher chega em seu carro na oficina.
- Boa tarde.
- Boa tarde - responde o mecânico, vindo na direção dela.
- O meu carro tá fazendo um barulho estranho, o senhor pode dar uma olhada?
- Claro - responde o mecânico abrindo o capô do carro.
Enquanto ele está olhando o motor um barulho enorme é ouvido. A mulher, que estava olhando para a rua, se vira de súbito e pergunta assustada:
- Nossa senhora, o que foi isso?
- Foi só a Rebimboca da Parafuseta.
- O quê?
- A Rebimboca da Parafuseta.
- Meu senhor, você tá me tirando por alguma idiota?
- Não senhora, por que isso?
- Não é porque eu sou mulher que você vai me enrolar não, tá? - ela fecha o capô bruscamente e entra no carro - Rebimboca da parafuseta, essa é boa! - e arranca para fora da oficina.
O mecânico a vê ir embora intrigado.
- Que mulher doida.
Então ele olha para baixo e diz:
- Tá vendo, Rebimboca? Me fez perder uma cliente!
Nesse instante uma cadelinha vira-lata se encolhe ao lado de um monte de calotas espalhadas no chão.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Indiana Thaïs

Cara, eu tô sonhando di-re-to com um danado de um templo escondido em uma casa enorme, que tem um dono malvado, laser e o caralho a quatro, aí quando eu chego no santuário tenho que escolher: ou fujo do lugar por um túmulo falso, ou sigo até o templo escondido pela passagem secreta que tem em um depósito, despensa, sei lá. Mas sabe o que é foda? Toda vez que a aventura termina eu sempre me dou conta de que deixei as minhas coisas na casa do vilão. O que será que isso quer dizer?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Figuras notáveis dos bares noite afora

  • A solteirona amazona: sai para caçar (geralmente em bando).
  • O boêmio fiel (ou bat-boêmio): comparece (quase) todos os dias, na mesma bat-hora, no mesmo bat-local.
  • O viajante cósmico: o tempo, o mundo, as pessoas, tudo é motivo para uma conversa existencialista.
  • O poeta punheteiro: tem sempre um versinho na ponta da língua para xavecar uma mulher moderninha.
  • O maconheiro solidário: sempre te chama pra fumar um.
Quais as figuras notáveis que você conhece?

O mistério da autofecundação humana

Acordei e fui no banheiro fazer xixi. Ao tirar a minha calcinha me deparei com uma coisa estranha: havia sangue nela. Isso pode parecer uma observação banal, mas eu já tinha menstruado esse mês e não tomei pílula do dia seguinte nem nada do tipo. Fiquei assustada e pensativa.
Resolvi assistir um pouco de televisão pra desopilar. Liguei e um plantão estava no ar. Uma repórter dizia que a mudança de clima tinha afetado o aparelho reprodutor de muitas mulheres no mundo, que afirmavam ter engravidado sem relações sexuais. Algumas em êxtase, certas de que era uma obra do Espírito Santo, outras confusas e desesperadas, sem saber o que fazer. A repórter disse que o governo brasileiro ia averiguar o caso para saber se essas poderiam realizar um aborto legal, já que se fosse confirmada a autofecundação, a taxa de natalidade no país poderia aumentar muito, chegando a níveis insustentáveis.
Desliguei a TV. Aquilo tudo era muito bizarro, mesmo para mim. De fato eu não tinha feixo sexo no último mês e aquele sangue era muito esquisito. Senti então uma cólica atordoante, corri até o banheiro e vomitei. Depois me sentei no vaso e mais sangue jorrou. Eu abortei da mesma forma que engravidei: do nada.
Me recompus: tomei um banho, escovei os dentes, coloquei uma roupa limpa e fiz um miojo para o almoço. Me acomodei na minha rede e liguei novamente a TV. O plantão ainda estava lá. A repórter parecia assustada. Dizia que as mulheres que estavam grávidas pela autofecundação começaram a abortar espontaneamente uma a uma. Estudiosos de diversas áreas de conhecimento estavam ao seu lado. Um psicólogo dizia que se tratava de um delírio coletivo de mulheres estéreis histéricas. Um ufólogo afirmava que os extraterrestres tinham realizado uma experiência com fins de pesquisar uma possível reprodução da espécie em caso de invasão e os biólogos continuavam afirmando que era a mudança diária do clima que havia feito os óvulos se subdividirem mesmo sem ter sido fecundados. Defendidas as teorias, a repórter, ainda confusa e assustada (provavelmente com medo de se autofecundar também), se despede, prometendo trazer novas informações.
Aquele dia estava todo muito louco. Resolvi voltar para a cama na esperança de ter outro sonho erótico.

domingo, 24 de maio de 2009

Cartilha do sexo

- Amiga, eu preciso fazer sexo.
- Namora o meu irmão.
- Não, obrigada. Acho que vou criar uma cartilha. "Passo a passo para transar comigo".
- Hahahahahaha
- Número um: leia. Mas leia muito. E não vale ler Paulo Coelho ou Dan Brown. Leia beatniks, russos, japoneses. De preferência coisas que eu nao tenha lido, para que você possa me trazer algo novo. Número dois: é obrigatório gostar de cinema. Se for cineasta melhor ainda, cinco estrelinhas. Mas não vale ser metido, não suporto gente que baba o próprio ovo. Número três: tem que gostar de música boa. Jazz, bossa nova, blues e por aí vai. Mas tem que ter uma tendência pras coisas antigas, porque eu sou uma mulher do século passado. Número quatro: tem que gostar de crianças e animais. Necessariamente nessa ordem. Número cinco: bom humor é indispensável. Não aguento homem moribundo. Hum, o que mais? Só cinco é pouco, não sou tão fácil assim, heuehuheuheuh.
- Heiehiehiehie. Menina. Assim você não vai fazer sexo nunca.
- Auhuahuahuahuahuhauhauhauhuahuahuaha.
- Ó, minhas regras pra fazer sexo.
- Diga mermo.
- Tem que ter pau bonito.
- Hauhuahauhauhuaha.
- Saber dedar. Usar camisinha. Chupar bem e com vontade. E ter todos os dentes. Ehiehiehieheihie. Aí já tá bom demais. Eheiheiheihei.
- É mesmo, esqueci de mencionar que tem que usar camisinha!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Minha namorada

Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.

Vinicius de Moraes e Carlos Lyra


Eita que esses românticos dão um trabalho danado...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Réquiem

Hoje eu sinto a necessidade de prestar uma homenagem aos mortos. Muita coisa aconteceu nesses últimos tempos, algumas secretas, divido apenas com os mais próximos, outras não são segredo nenhum, estão aí, visíveis, para quem quiser saber. O fato é que a morte mostrou-se excessivamente ameaçadora e presente este ano. Dessa maneira ela me obriga a pensar "pra que tudo isso"? Por que me preocupar com tantos problemas pequenos? Mas agora penso que eles são necessários para que os grandes problemas não me engulam.
Camila, Igor... Eu não tinha proximidade com nenhum dos dois. Mas de repente achei tudo tão frágil ao meu redor. E me entristeci com a ausência deles na vida de todos que os queriam bem. Lembrei-me então do meu irmão. O primeiro contato que tive com a morte. Eu o olhava no caixão, intrigada, me perguntando por que os mortos tinham as sobrancelhas raspadas. Só anos mais tarde me dei conta que isso não era uma prática rotineira, mas necessária no caso dele, porque as suas tinham sido queimadas na explosão.
Sem contar das vezes que eu, criança, me debulhei em lágrimas ao perder cachorrinhos, gatinhos, pintinhos e depois, já não tão criança, a minha porquinha-da-índia.
Uma vez me perguntei se as pessoas sentiriam a minha falta quando eu morresse. Uma bobagem, descobri que sentiriam.
Existe também a morte dos idosos, tão triste quanto a dos jovens, porque a cada aniversário eles a sentem cada vez mais próxima. O pai da minha mãe, já no final da sua vida, sempre que me via, chorava. Tão terno. Dizia com frequência que era a última vez que me via, o último aniversário, o último dia dos pais... A gente tende a banalizar esses presságios, mas de fato, chega um momento em que eles se mostram reais.
Esse ano tive conhecimento de uma morte diferente. Morte, ainda assim. Ela transformou muita coisa dentro de mim e mais ainda ao meu redor. Ela tem mesmo esse poder de modificar tudo. De fazer a gente pensar na vida. Já que afinal, me perdoem a falta de originalidade, a única certeza da vida é a morte.

sábado, 16 de maio de 2009

Abro os olhos

Impossível fugir a essa dura realidade
Ne
ste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

(O dia da criação, Vinicius de Moraes)



Abro os olhos. A enxaqueca passou. Ainda bem. Esse remédio é mesmo muito bom. Demoro ainda uma meia hora para criar coragem e me levantar da cama. Tenho medo que ela apareça novamente.

Levanto-me e vou até o espelho. Decrépita, como já era esperado. Pego o pote com algodão e o demaquilante para tirar a maquiagem preta dos olhos. Um pouco mais apresentável, apesar dos cabelos indomáveis.

Meu estômago se revira, mas não tenho vontade de comer. Na geladeira tenho umas goiabas do tamanho de um mamão. Pego uma dessas, passo uma água e a mordo. Vou para o computador. Ainda é cedo, ele não deve estar lá. Aliás, já fazem alguns dias que não o vejo. No fim das contas não faz diferença, a gente quase não se fala mesmo.

Saio do computador, estou com vontade de assistir um filme. Meu DVD não pega. Droga, só fazem três meses que o comprei, será que essa porcaria já quebrou? Bom era no tempo da minha avó, que as coisas duravam uma vida inteira. Meu toca-discos era dela. Mas fazer o quê, no tempo da minha avó não tinha DVD...

Assisto a outro filme, um que estava no meu mp4. Pelo menos o USB do DVD ainda funcionava. Esse filme não tinha legenda, mas até que consegui entender boa parte do que diziam. Terminado o filme meu estado de espírito se manteve o mesmo. Voltei para o computador, mas ele ainda não estava lá. Será que viajou?

Fui para a sala ler um pouco, mas a fome bateu violenta. Com preguiça de viver, engatinhei até a cozinha, mas antes de chegar à geladeira deitei-me no chão, frio. Lembrei novamente dele e fiquei excitada. Apesar de estar menstruada, me masturbei pensando nele. Mas lembrei-me dos vizinhos, olhei pela janela da cozinha e constatei que ninguém me observava. Senti-me patética. Deitada no chão da cozinha, quis chorar, mas não consegui.

Que boba. Não aprendeu nada em todos esses anos? Você nem ama esse homem. E mesmo se amasse, até isso passaria um dia. O problema é que você ama a ideia dele. A ideia de amar, sendo correspondida ou não. Pois bem, vou te dizer uma coisa: você não é mais nenhuma adolescente. Por mais que queira ser, o tempo só avança.

O tempo só avança. Sinto-me na obrigação de não ficar mais parada. É sempre assim. E provavelmente vai ser até o final da minha vida. Afinal, é assim mesmo que eu sou. Melhor começar a fazer o meu almoço.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

BASEADO EM FATOS REAIS: Foi engano

Chego na porta de casa e o telefone toca. Abro a porta, apressada, a chave prende, agonia maior do mundo, entro e atendo.
- Alô?
- Bom dia, é do Banco do Brasil?
- Não.
- O telefone é 3341-4841?
- Não.
- Ah, tá bom, desculpe.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"You are stardust"

Eu sempre penso no conceito de alma gêmea. Aliás, a alma em si me intriga. Um dos motivos pelos quais a "bilogia" "Antes do amanhecer" e "Antes do pôr-do-sol" me fascina é que eles têm basicamente as mesmas impressões do assunto que eu. Mas não vou fazê-lo assistir aos filmes para descobrir quais são (apesar de achar que deveria).
Em primeiro lugar, se a alma é imortal, então as almas de todas as pessoas que já morreram, vivem ou ainda vão nascer já existem em algum lugar do universo, certo? Digamos que não, que na verdade o que existe é a reencarnação. Eu morrerei e outra pessoa "herdará" a minha alma. Mas se hoje em dia existem muito mais pessoas no planeta do que existiam há 2000 anos, de onde vieram todas essas almas? Estariam estocadas? Ou será que as almas atuais são fragmentos das almas dos nossos antepassados? Isso poderia ser uma explicação para o fato de não existirem outros Da Vincis perambulando por aí...
Se for assim então a minha alma gêmea está fragmentada em diversos pedacinhos, assim como a minha própria. Menos cruel. Mas se ela for única, morar no Afeganistão e tiver 68 anos? Eu devo então me conformar em viver eternamente como uma cuia, sem tampa? Cruel, não é mesmo? Falo de almas gêmeas porque sou uma eterna romântica, mas acreditar mesmo, eu acredito no amor de Vinícius. "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Samba e amor + Samba do grande amor

Eu faço samba e amor até mais tarde.
Mentira.



Fodido
My hair is completely fodido
My shampoo will be despedido
'Cause I'm completely blowzy!

Paródia infame de Perdido.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Dizem que quem vive de passado é museu.
Ainda bem que meus pais me ensinaram a apreciar uma boa obra de arte.

Real e inusitado

Estava sentada na rede lendo Kafka à beira-mar do Murakami quando minha mãe vai até o terraço me alertar:
– Não fique aqui até tarde, porque o Miramar já não é mais o mesmo!
Respondo com uma afirmativa e continuo a ler. Pouco tempo depois a campainha toca. Quem seria tão sem noção a ponto de bater na casa dos outros a essa hora sem avisar? Fico logo apreensiva. Madona corre para latir ao muro. Avisto uma mulher baixa e magra e me aproximo.
– Cala a boca, Madona! – dirijo-me então para a mulher – Diga?
Ela começa a explicar a sua odisséia. Eu me controlo para prestar mais atenção no que ela diz do que na fedentina que exalavam as suas axilas. Disse-me que tinha acabado de sair do Juliano Moreira e estava precisando de dinheiro para completar o da medicação e para isso estava vendendo um par de sapatos de salto (ou seriam sandálias? Ou tamancos? Eram fechados na frente e abertos atrás), numa cor verde-musgo, que tinham sido doados pela igreja.
Hesitei por um instante, com medo de serem frutos de furto, mas entrei em casa e pedi à minha mãe os quatro reais que ela cobrou. Minha mãe não tinha trocado e o sapato (sandália ou tamanco) acabou ficando por cinco. A mulher me agradece imensamente e vai embora. Levo a nova aquisição para a sua dona de direito, mas não sem antes trancar-me cuidadosamente dentro de casa.
E o sapato? Foi para um brechó por cinco reais.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Empatia

Eu tenho o costume de sentir o que se passa dentro das outras pessoas. Alguns diriam que trata-se de empatia, mas creio ser algo maior, mais profundo. Isso ocorre com mais frequência quando os sentimentos envolvidos são alegria, tristeza ou frustração. Poderia a frustração ser considerada um sentimento? Ou apenas um estado de espírito? O fato é que ela me penetra. Quando estava voltando para casa hoje passei por uma garotinha que conversava com seu pai mototaxista na porta de casa. Ela estava alegre, mas quando passei por eles só escutei "tá vendo, eu disse que ia derrubar, agora nem adianta pegar que não dá mais pra comer!" Me virei e vi um pote no chão e várias rosquinhas de chocolate desperdiçadas. A menina olhava para ele com um sorriso amargo no rosto dizendo "tudo bem, não tem problema" e isso esmagou o meu coração. Ela teve que admitir a derrota. E eu lembrei de todas as frustrações parecidas com essa que tive na minha infância.
Certa vez conheci um rouxinol que havia se desviado muito do seu curso por causa de um avião que julgava ser a Ursa Maior. Seu canto, tão lindo, na minha janela me comoveu. Tive a certeza de saber o que se passava em seu coraçãozinho. Convidei-o a entrar na minha casa e conversamos por horas a fio. Éramos muito parecidos, apesar dele ser uma ave e eu um mamífero. Quando o dia se aproximou precisamos nos despedir. Eu não resisti e pedi um beijo. Vi que bico e boca podem sim se beijar. A despedida foi terna e sem promessas, mas passei, todas as noites a partir daquela, a abrir a janela na esperança de ouvi-lo cantar mais uma vez. Mas ele não voltou. Não sei se encontrou o caminho de casa ou passou a frequentar outras janelas, o fato é que, debruçada no parapeito, eu desejava profundamente que outro avião trouxesse de volta o meu rouxinol desorientado.
Talvez eu tenha me enganado quanto à menina, talvez ela realmente não ligasse para o fato das rosquinhas terem caído no chão, talvez o meu rouxinol também não estivesse tão triste quanto eu julgava, talvez a minha aparente empatia seja apenas uma projeção dos meus sentimentos nas outras pessoas; ou aves.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mocinhos e vilões

Eu estava sentada em um banquinho ao lado de um restaurante, escrevendo na minha agenda, quando chegou perto de mim uma senhora baixinha, gordinha, de olhinhos puxados, com uma expressão de imensa tristeza. Sorri, mas ela, tremendo-se toda tirou um revólver da bolsa e apontou para mim. Eu fiquei tensa e implorei para que ela não levasse a minha bolsa, porque tinha os meus documentos, coisas que eram importantes para mim, se quisesse eu daria apenas o dinheiro. Ela olhou para mim e perguntou se a minha caneta ainda tinha tinta e eu mostrei que ainda estava na metade. A senhora pegou a caneta e seguiu em frente.
Logo em seguida um carro estaciona bem na minha frente e vários orientais saem de dentro dele. Uma família, suspeitei eu. Agarrei-me às minhas coisas e todos seguiram em direção ao restaurante. Guardei a minha agenda na bolsa e me levantei, entrei no restaurante lentamente, agarrada a ela, quando alguém me vê e grita:
– Ela ta tentando fugir sem nos dar nada!
Eu então começo a tentar me explicar e chorar feito um bebê no meio da fala.
– Não, eu já dei uma caneta para uma senhora, eu pedi para que ela não levasse a minha bolsa e ela aceitou ficar só com a caneta, não quero enrolar ninguém, é a verdade, podem perguntar a ela.
Um dos rapazes se compadece e me abraça. Eu então continuo a falar, só para ele.
– Eu sei que vocês não são más pessoas, que estão fazendo isso só por necessidade...
Eu senti carinho nos braços daquele estranho. Mas alguém o cutuca, avisando que já estavam voltando para o carro e me olha, perguntando na lata:
– E você? É vítima ou cúmplice?
Balanço a cabeça negando e o rapaz dos braços carinhosos vai embora. As pessoas no restaurante me fulminam com um olhar acusador e eu me direciono para a porta dos fundos. Quando eu estava saindo um garçom, pequeno e simpático, me aborda. Os assaltantes tinham deixado sacolas com algumas coisas e ele achando que eu os conhecia, veio me entregar. Perguntei-lhe se achava que todos estavam pensando que eu era cúmplice e ele disse que sim.
– Preciso ir para casa, não posso ficar aqui. Mas vou deixar meu telefone com você para que ninguém pense que estou foragida.
Entreguei-lhe meu número de casa e do celular e fui para a casa de um amigo.
Chegando lá vasculhei as sacolas, cheias de bugigangas aparentemente sem muita importância: carimbos, bonecos, DVDs... Peguei o DVD e coloquei no aparelho do meu amigo. Era uma série de TV. Com os assaltantes. Senti uma enxurrada cair em cima de mim. Toda a família trabalhava no mesmo seriado, que deve ter sido cancelado, deixando-os na penúria. De repente recebo uma ligação.
– Alô, é a Thaïs?
– É sim...
– Oi, é que eu tava assistindo televisão agora e saiu uma matéria falando sobre um assalto em um restaurante e você apareceu como um dos suspeitos...
– O quê? Eu? Mas eu deixei meu telefone lá, por que eles não me ligaram?
– Isso eu não sei, só to te passando o que vi na televisão.
– Obrigada por ter me informado, ta? Só quero que fique sabendo que isso é mentira, eu não tive nada a ver com esse assalto!
– Tudo bem. Boa sorte!
– Obrigada.
Desliguei o telefone, despedi-me do meu amigo e fui para a delegacia. Chegando lá na frente vi que já havia vários repórteres no local. Entrei na sala do delegado e pedi-lhe que apenas uma emissora de TV entrasse na sala para registrar o meu depoimento.
– Tudo bem. - disse-me ele - Mas você tem certeza? Seu depoimento vai ser visto por milhares de pessoas.
– Eu não tenho nada a esconder.
– Ok. Quer ligar pro seu advogado?
– Agora não. Só quero esclarecer logo esse mal-entendido.
O delegado chamou dois representantes da emissora que escolhi para entrar na sala e então comecei o meu depoimento, contando minuciosamente os fatos que eu lembrava.
– E foi isso que aconteceu. Eu só queria que eles soubessem que eu sei que eles não fizeram isso por mal, eu via que eles não estavam felizes em assaltar aquele restaurante, que foi tudo um fruto da necessidade extrema. Se eu pudesse, teria me tornado cúmplice deles, pois sei que eles não merecem ficar presos. Mas eu não posso. Não posso fazer isso com a minha vida. Tenho uma filha que depende de mim e isso não seria justo com ela. Por isso eu trouxe essa sacola que eles deixaram no local. – coloquei a sacola em cima da mesa do delegado e me virei para a câmera – Detesto ter que fazer isso, porque sei que teria gostado muito de conhecê-los em outra ocasião.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Autobiografia de uma desconhecida V

5. Pintinhos coloridos

Suponho que toda criança que viveu sua infância nos anos 90 teve pelo menos um pintinho colorido na vida. Ou talvez isso fosse só mania de paraibano insensível. Porque todos os meus amigos que contavam sobre esses pintinhos terminavam a história com o assassinato das pobres criaturinhas indefesas, e a máquina de lavar roupas era a arma número um. Eu também tive um, mas ao contrário da maioria, eu tinha muito cuidado com ele, não joguei no tanque, não atirei da varanda nem coloquei no forno.

Certo dia chega meu pai (ou terá sido minha mãe?) com dois pintinhos coloridos: um cor-de-rosa para mim e um amarelo para o meu irmão. Nomeei a criança de “Patricinha” e o do meu irmão chamava de “Joãozinho”; só não lembro se foi ele ou fui eu quem o batizou assim. O fato é que ambos cresceram saudáveis e sem grandes sequelas. Pelo menos até que meus pais resolveram cozinhar um deles. Mais cruel do que isso só quem come porquinhos-da-índia. Por mais que eu argumentasse, eles foram irredutíveis. Recusei-me a cometer tão horrendo ato de canibalismo (não que eu seja uma galinha, mas eles eram como filha e sobrinho para mim), tranquei-me no quarto e não quis comer nesse dia. Cientes do choque que haviam me causado, resolveram poupar Patricinha da insensível, cruel e desumana panela.

Mas qual não foi minha surpresa, tempos mais tarde, caída a tinta, que Patricinha estava mais para trava do que pra galinha! Meu pai então resolveu rebatizá-la e Patricinha se tornou Galalau. Galo brabo, corria atrás de todos da casa, então teve que ficar preso. Ele até que durou bastante tempo, porque nesse meio termo um mini-milharal nasceu no meu quintal. Mas os dias de Galalau estavam contados.

Surge então um novo morador na casa: Scooby-Loo, ou simplesmente Bilu. Acho que eu teria ganhado uma bolada colocando Galalau numa briga de galos, porque eita bichinho brabo danado! Arrumou briga com Bilu também, mas o mundo é dos mais fortes, e o galinho atrevido levou a pior. Um desperdício, talvez teria sido melhor se tivesse ido pra panela junto com seu irmão.

sábado, 28 de março de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

Autobiografia de uma desconhecida IV

4. Colônias de férias

Um capítulo à parte na minha vida são as colônias de férias. Parando agora pra pensar, vejo que já fui a muitas delas, sempre por sugestão dos meus pais, provavelmente para que pudessem curtir as férias sem a pentelha aqui para cortar o barato deles. A que mais me marcou, talvez por ter sido a única que eu frequentei por vários anos, ou talvez por ter sido a última e, consequentemente, na qual eu estava mais velha, foi a do curso de teatro para crianças do grupo de palhaços Agitada Gang. Eu sonhava em ser atriz, então esse curso caiu como uma luva para mim e para os meus pais, que não queriam uma menina desocupada comendo biscoito o dia inteiro na frente da televisão. Muito provavelmente, foi lá que eu cheguei à conclusão de que não tinha o dom para a coisa.

No primeiro ano as aulas foram no Teatro Lima Penante. Sempre fui uma menina tímida e aquela atmosfera esmagava o que restava da minha autoconfiança. Mas mesmo assim, eu adorava aquele lugar. Subir num palco, mesmo sem platéia, era de uma magia indescritível e todas as pessoas ao meu redor pareciam fascinantes. Muito mais fascinantes do que eu, diga-se de passagem. Outra lembrança vívida dos tempos do curso é a dos casarões que ficavam nos arredores do teatro, todos belos e velhos, mas um em especial sempre mexeu com a minha imaginação pueril. Ele era enorme e tinha uma vasta área verde, com árvores altas e uma casinha nos fundos, provavelmente o banheiro.

Nos anos seguintes o teatro estava em reformas e as aulas aconteceram no Departamento de Comunicação da UFPB (que por sinal também precisava ser reformado) e na Casa Rosa (não a da Argentina, a de João Pessoa). Só no último ano que voltamos ao Lima Penante. Durante todo esse tempo eu levei minhas amigas para participarem do curso comigo, fiz papel de integrante de circo, paciente do SUS, contadora de histórias, criança mimada, nada de muito destaque, para a minha frustração. Mas existem momentos que passei lá que continuam vívidos na minha mente. Foi nessa época em que eu voltei a ter os dentes incisivos superiores (passei anos da minha infância complexada sem sorrir nas fotos), que eu tive a minha primeira guerra de tortas, que eu me apresentei no Theatro Santa Roza (ou Teatro Santa Rosa), caí de costas no palco ao tentar fazer uma “estrelinha”, usei um camarim e tive uma festa de encerramento das apresentações.

Não há dúvidas que nenhuma outra colônia de férias tenha me marcado como as do curso de teatro, mas há detalhes de outras que não foram esquecidos. Uma delas, talvez a mais remota, marcou-me pelo fato de termos feito biscoitos caseiros. Lembro-me dos formatos divertidos que todos faziam, como sofás, cadeiras, etc., enquanto eu, artista frustrada, não conseguia fazer mais que bolinhas ordinárias. Outra colônia da qual eu me lembro foi em uma fazenda. Pegamos um ônibus para chegar lá e eu nem sei quanto tempo ficamos, mas me recordo bem de uma apresentação que teve da história da Dona Baratinha (que anos mais tarde viria a se tornar um dos meus alteregos).

Não sei se a minha filha vai curtir as colônias de férias como eu, mas depois de todos esses anos eu reconheço que é um ótimo lugar para se saber um pouco mais sobre si mesmo, além de, obviamente, dar uma folguinha para os pobres pais, exaustos de cuidarem de crianças pentelhas como eu fui.

quinta-feira, 26 de março de 2009

A ditadura da direita

Sandra era destra, mas gostava de escrever com a mão esquerda. Só para se mostrar reacionária diante da professora semi-ditadora que obrigava todos os alunos a escrever com a mão direita. Alegava que bons cristãos não deveriam usar a mão esquerda, caso contrário, o diabo guiaria suas palavras. A garota achava aquilo tudo uma bobagem e por mais que para ela fosse muito mais difícil, continuava fingindo sua “canhotice”.
Por causa disso, todos os dias entrava em conflito com a professora: gritos, agressões verbais, expulsões de classe e algumas vezes chegava ao cúmulo de ser suspensa. Os pais de Sandra não se conformavam com a situação e tentavam convencer a filha a escrever com a mão certa. Se ela ainda fosse canhota, pensavam eles, poderia até fazer sentido, mas a menina era destra desde o nascimento, aquilo tudo era inconcebível!
Da mesma forma que fazia com a professora, Sandra tentava convencer os pais da sua nobre causa: ela não era canhota, mas os demais alunos que eram obrigados a mudar a sua natureza? Sua mãe sempre dizia que os outros não eram filhos dela e que nem ela nem a filha tinham a obrigação de se importar com eles. Pobres garotos, respondia ela, que não tinham nem o direito de ter um porta-voz contra os desmandos insanos da professora beata.
Um dia ela resolveu radicalizar. Chamou todos para o pátio da escola, subiu em um banco e começou a discursar:
– Temos aqui em nossa instituição de ensino uma professora com mentalidade e práticas medievais!
A maioria dos alunos observava curiosa, apenas os canhotos da sua sala a aplaudiam fervorosamente.
– Esta carola, meus colegas – aponta para a professora ditadora – obriga-nos a escrever com a mão direita e estamos sujeitos a severas punições se não a obedecermos!
A esta altura a acusada olhava para os lados, desconfiada de tudo e de todos, rezando para que tudo aquilo fosse um sonho.
– Pois bem, eu estou aqui para desafiá-la. Se ela não parar com essa perseguição eu serei obrigada a cortar fora a minha mão direita!
Todos os presentes a encararam incrédulos.
– Se duvidam é só me trazerem um machado!
Aos poucos foram se afastando um por um.
– Vamos, o que estão esperando? Vão deixar que o preconceito vença a justiça?
Até que só sobrassem no pátio Sandra e a acusada.
– É, parece que só sobramos nós duas...
– Deixa logo de brincadeira, Sandra, e vai pra sala. Você hoje não sai daqui sem uma suspensão.
– Me deixa em paz, senão eu cumpro o que prometi!
– Tá certo, agora entra na sala que eu vou pensar o que faço com você.
– Você acha que eles acreditaram?
– É claro que não. Ora essa, cortar a mão. Você bem acha que eu não sei que é destra?
– Você sabe? Desde quando?
– Desde que eu vi os seus garranchos pela primeira vez. Por que você acha que eu insisti tanto para que escrevesse com a mão certa?
– Porque você é uma beata ditadora!
– Você tem muita imaginação, minha querida, deveria ser escritora.

Explosão

Fui à geladeira e servi-me um copo d’água. Poucos líquidos são tão bons quanto ela. Voltei pro computador e esperei, esperei infinitamente que algo acontecesse. Nada aconteceu. Pessoas iam e vinham, como sempre, mas eu estava ansiosa. Meus olhos tremiam e tudo que eu pensava era “será que eu estou prestes a ter um AVC”? Sempre fui muito agourenta. E melodramática. Eu passeava pelas páginas da internet à procura de algo que ocupasse a minha mente dos pensamentos inúteis, mas tudo que é inútil nos cerca como cães famintos.
Já sei, vou escrever, é sempre bom para exorcizar os fantasmas, pensei eu. Basta. Eles já fazem parte de mim e gritam frequentemente “desiste, estamos aqui para ficar”! Sempre tive medo de fantasma, melhor não mexer muito com eles. Que tal cantar? Afinal, “quem canta seus males espanta”, não é mesmo? Depende da música... Lembra daquela que dizia “meu bem, meu zen, meu mal”? Então...
Então ler! Uma leitura é sempre boa para acalmar os ânimos, esquecer do mundo exterior e lembrar-se apenas do universo que existe naquelas linhas. Mas quem consegue se concentrar com a mente cheia de fantasmas, cães, AVCs, males, bens e zens? Eu deveria mesmo é desistir e ir dormir, amanhã é um longo dia, cheio de revelações, emoções e por que não, perdições? Talvez porque as responsabilidades não me permitem. Mas que se explodam! Ou explodo eu.

Quem saiu foi tu!

Eu não estou ficando mais novo. Muitos dizem isso. Eu também não estou ficando mais nova. Pode parecer bobagem dizer isso, mas não é. Chega um momento em nossas vidas em que sentimos uma necessidade urgente de "recuperar o tempo perdido". Há quem chame isso de "crise de meia idade". Não deve ser o caso. Ainda há pouco eu vivia a "flor da idade". Tampouco deve ser depressão. Apenas a constatação do óbvio ululante. Mas ninguém tem nada a ver com isso o azar é todo meu. A-do-le-ta... Quem bebeu mor-reu, quem trepou, fo-deu! Puxa o rabo do tatu...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Eu e meus erros

Inspirado ao som de "Lígia"

Eu nunca
soube na verdade
o que fazer
Se devia parar
Ou passar a correr
O amor
sempre foi o motor
mas agora eu não sei
se ele deve valer
todos os sacrifícios
Minha mente inquieta
Saliva dúvidas
por todos os meus poros
A saber
sou egoísta
e romântica
Mas se há uma antítese
o que devo fazer?
Esquecer e amar?
Aceitar e sofrer?

11/01/09

terça-feira, 24 de março de 2009

Música

Ela sempre me diz alguma coisa, mesmo quando não fala. Algumas me confortam, outras me desolam. Existem aquelas que me abraçam, mas às vezes o abraço é de despedida. Mas as mais impressionantes são aquelas que percebem o que acontece dentro de mim, antes de mesmo que eu o saiba; e me mostram, impiedosamente. Há também as que me mostram minhas origens, de onde vim e por que sou o que sou. E há ainda aquelas que falam “bunda, xereca, chifre”, mas essas não me dizem nada.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Blog

Gostaria de me reencontrar contigo. Lembra da época em que você ficava sabendo de tudo que acontecia na minha vida? Eu te contava os meus diálogos, tinha ideias engraçadinhas, estava sempre em busca da minha criatividade. Aí e fui sumindo, me ausentando, assumindo novas responsabilidades e de repente você estava em último lugar da minha lista de prioridades. Passei a te contar apenas frivolidades, coisas desinteressantes, usar-te para mostrar meus vídeos, porque eu sabia que você estaria sempre disponível para mim, sempre que eu precisasse de ti.
Aí a vida deu uma reviravolta. Eu me cansei de tudo e ao olhar para você, para o que você tinha se tornado eu fiquei triste. Você estava abandonado. Como tudo na minha vida, parecia que também era algo passageiro. Mas eu não quero que seja assim. Fico feliz que você esteja presente para me mostrar como eu era, como eu poderia voltar a ser, pelo menos em partes. Você sempre me incitou a estimular a minha criatividade e eu agora preciso retribuir. Vou atrás de coisas novas para que você e eu sejamos felizes novamente. Independente de quem esteja conosco. Esta é a minha declaração para ti, Kisuki.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

God Save the Queen!


Sempre fui admiradora da beleza oriental, mas de uns tempos pra cá percebi que o Reino Unido também merece a minha atenção. Para mostrar de maneira mais sistemática apresento-lhes uma lista das beldades do arquipélago. O primeiro da lista é Jude Law, nascido em Lewisham, Londres, Inglaterra. Segundo minha mãe, ele abusa do direito de ser bonito. Eu não só concordo, como acrescento: bonito e charmoso, porque só beleza não é suficiente.


Depois de Jude Law eu conheci Mark Darcy, ou melhor, Colin Firth, nascido em Grayshott, Hampshire, Inglaterra, que além de tudo é um fofo.


Continuando a minha análise profundamente intelectual, passamos a Jim Sturgess, também nascido na Inglaterra (vemos um padrão, os ingleses predominam nesta lista). Assim que ele começou a cantar I've just seen a face em Across the Universe eu tive vontade de arrancá-lo da TV pra deitá-lo no meu colo e fazer um cafuné...


Então eu assisti P.S. Eu te amo e vi que o privilégio não era apenas dos ingleses. Representando a Escócia (ele é de Glasgow) está Gerard Butler, que pode se transformar no ex-roqueiro amoroso completamente apaixonado pela esposa ou se você preferir pode ser também um rei guerreiro espartano.


E para ter certeza que todos os gostos foram contemplados, termino a lista com o último que conheci, Joseph Gilgun, nascido em Chorley, Lancashire, Inglaterra (à direita na foto acima) do filme This is England.

A minha conclusão, as ilhas da Grã Bretanha são ótimas para uma boa e diversificada pescaria. Se eu fosse solteira com certeza adoraria visitá-las!